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Família passa por momentos de terror com bandido em casa de Águas Lindas

Uma família viveu momentos de pânico no início da manhã de ontem no Jardim da Barragem II, em Águas Lindas (GO). Por cerca de duas horas, cinco pessoas sofreram ameaças e agressões praticadas por um jovem de 19 anos. O criminoso invadiu a casa, trancou um casal em um dos quartos, cometeu violência sexual contra uma cadeirante e ainda agrediu uma criança. David Raone Ferreira Jancem acabou preso em flagrante pela Polícia Militar de Goiás e levado para a delegacia de Águas Lindas. Ele estava com maconha no bolso.

A série de crimes teve início por volta das 6h, quando um dos moradores da residência saiu para trabalhar. Vinte minutos depois, o bandido pulou o muro e entrou pela porta da cozinha, que não estava trancada. ;Ele estava de espreita, viu o meu menino saindo e achou que só tinha mulheres na casa;, acredita o chefe da família, que trabalha como pedreiro. No imóvel, o criminoso seguiu até o quarto da moça com paralisia cerebral, de 29 anos. O pai acordou e encontrou os dois cobertos por um cobertor.

Ao ser surpreendido, o criminoso jogou a coberta para o lado, levantou-se e disse que estava armado com um revólver. Exigiu dinheiro para deixar o local. Primeiro, pediu R$ 1 milhão. Depois, baixou para
R$ 150 mil e, por fim, pegou R$ 170 que a família tinha em casa. O pedreiro reagiu e trocou tapas e socos com o jovem. Por fim, o bandido trancou o casal em um quarto. Uma criança de 5 anos acordou assustada com a movimentação. O invasor a segurou pelo braço e a atirou contra um sofá.

Apesar de trancada em um cômodo, a mulher pediu ajuda para uma vizinha, que mora no mesmo lote. Ela chamou a polícia, e David acabou preso em flagrante, por volta das 8h. ;É muita humilhação para sofrer dentro de casa. Moro há 20 anos na mesma residência e isso nunca tinha acontecido. Aconteceu porque todos os meus vizinhos levantaram os muros e eu não. Com isso, ele aproveitou;, lamentou o pai.



Exames
A cadeirante foi encaminhada para o Instituto Médico Legal de Luziânia (GO). ;Mesmo que o laudo não indique vestígios (de violência), ele (o acusado) será indiciado por estupro de vulnerável, pela forma que ele tocou nela. Hoje, a lei entende que não é preciso penetração para configurar o estupro;, explicou a delegada plantonista de Águas Lindas, Ana Cristina Hasegawa.

De acordo com a Polícia Civil de Goiás, o criminoso portava uma pequena porção de maconha. Não havia armas com ele. O dinheiro roubado foi devolvido para a família. David Raone mora em Ceilândia e não tem antecedentes criminais. Ele será indiciado por estupro de vulnerável, com pena prevista de 8 a 12 anos, além do roubo (leia O que diz a lei).

O que diz a lei

Em 2009, o Código Penal sofreu modificações e tanto abuso sexual quanto estupro passaram a ter a tipificação criminal idêntica. Isso significa que, mesmo que não haja penetração, carícias e tentativa de violência têm a mesma penalidade do ato consumado. Se a vítima tiver necessidade especial, a pena para o responsável é a mesma prevista para casos de crianças e adolescentes como vítimas. A reclusão varia de 8 a 12 anos.
O artigo 157 do Código Penal aponta que a pena para roubo com grave ameaça ou violência é de 4 a 10 anos de prisão e multa. A punição aumenta de um terço até a metade quando o crime acontece com emprego de arma, se restringe a liberdade da vítima ou se ela é funcionária de serviço de transporte de valores. O aumento da pena ocorre também quando o veículo roubado é transportado para outro estado ou país.