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Barulho causado por aviões Mirages provoca princípio de pânico no aeroporto

A data de comemoração do aniversário de 70 anos da Força Aérea Brasileira (FAB), ocorrida ontem, foi também um dia de susto para os passageiros e funcionários que estavam no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, e de prejuízos para uma família que reside nas proximidades. O barulho dos caças Mirage, que faziam uma exibição para autoridades na solenidade, destruiu janelas de vidro de uma guarita e de uma casa no Park Way, e causou um princípio de pânico em que ia viajar ou estava trabalhando no terminal. O evento da FAB ocorreu na Base Aérea de Brasília ; onde o efeito do som não foi sentido ;, com a presença da presidente Dilma Rousseff e de vários ministros.

As autoridades, provavelmente, não devem ter tomado conhecimento do fato. Mas as pessoas que estavam no aeroporto ficaram apavoradas sem saber o que estava acontecendo, quando uma espécie de estrondo fez tremer algumas dependências. ;Foi uma gritaria;, conta o jornalista Eduardo Gomes, que estava na sala de embarque esperando uma conexão para Manaus. ;Tentei sair do local, mas fui impedido;, afirmou. ;Todos estavam tranquilos vendo as manobras aéreas, mas, quando os aviões deram um rasante, ficamos apavorados. Com o barulho, tinha gente achando que o aeroporto estava desabando;, recorda Gomes, que vinha de Palmas (TO).

Funcionários do terminal contam que houve um princípio de correria, inclusive de policiais que estavam trabalhando na área e de mulheres gestantes. ;Achei que era um bombardeio e cheguei a me abaixar. Foi aí que vi o avião passar;, relata Wesley de Souza, segurança do local. O som do Mirage quebrou o vidro da guarita do estacionamento, único prejuízo registrado pela Infraero. A funcionária que trabalhava na estrutura no momento do rompimento da vidraça não se feriu porque não estava próxima à janela. ;Caiu tudo na minha frente;, relatou a mulher, que não quis se identificar. A Infraero fez uma inspeção no aeroporto e constatou que não houve mais prejuízos. A Aeronáutica informou que irá ressarcir os danos.

Solenidade
Os caças faziam uma exibição durante a solenidade do Dia do Aviador e de aniversário da FAB. Em um primeiro momento, as aeronaves escoltavam dois outros aviões, mas, pouco depois, os Mirages iniciaram um sobrevoo solo, por volta das 10h30. ;Foi quando tudo na minha casa tremeu;, relata a aposentada Fabíola Souza, 60 anos, moradora da Quadra 25 do Park Way. A residência teve o vidro da janela de um dos quartos trincado e os da porta, quebrados. ;Achei que era um acidente com um caça. Foi assustador;, diz Manuel Maria Souza Neto, 62, marido de Fabíola. O casal mora há 12 anos no local e conta nunca ter visto algo semelhante.

Souza Neto saiu de uma internação recente no Instituto do Coração para a instalação de um marca-passo. Fabíola temeu pela saúde do marido, que passou mal depois do barulho causado pelo Mirage e precisou ser medicado. O aposentado enviou um e-mail para a Aeronáutica, mas, como a data era feriado para os militares, não recebeu resposta. Na mensagem, ele relatou os problemas cardíacos e alegou que a altura em que a aeronave trafegava era incompatível com o modelo.

Os vizinhos do casal não tiveram prejuízos, mas também se assustaram com o barulho provocado pelo Mirage. Os irmãos Matheus e Tiago Manuel Campos estavam em casa quando a aeronave sobrevoou o Park Way. ;Achei que era um acidente de avião. Até liguei a televisão para ver se tinha alguma notícia;, contou Matheus, que é vendedor. ;Senti um vento forte dentro de casa;, relatou Tiago, que estava na residência no momento em que o caça passou próximo à área. Segundo a FAB, os Mirages voavam a 300 pés, cerca de 100 metros de altitude, ou seja, de acordo com as normas de segurança. Apesar do barulho, a Força Aérea informou que o caça não chegou a romper a barreira do som.

Homenagem ao Dia do Aviador

Durante a comemoração do Dia do Aviador, o comandante da Aeronáutica, tenente brigadeiro do ar Juniti Saito, afirmou que a conjuntura econômica está impondo uma administração mais rígida, inclusive com a redução de custos. Porém, ele ressaltou que os militares estão buscando alternativas para evitar um efeito negativo da turbulência que atinge vários países. Assim como fez o comandante do Exército, Enzo Perri, em um evento realizado há dois meses, Saito elogiou a presidente Dilma Rousseff pelas iniciativas adotadas para equipar a Força Aérea Brasileira (FAB).

;A estratégia nacional de defesa trouxe em seu bojo a clara determinação da comandante suprema ; a presidente Dilma ; e do Ministério da Defesa em dotar as Forças Armadas com equipamentos capazes de suportar as assimetrias do mundo moderno e dos consequentes desafios impostos à manutenção da paz;, afirmou o comandante da Aeronáutica na ordem do dia, que é a mensagem transmitidas a seus subordinados. O Dia do Aviador, que foi comemorado ontem na Base Aérea de Brasília e em todo o país, lembra o primeiro voo feito por Santos Dumont, em Paris, com o 14 Bis, em 1906.

Dilma Rousseff elogiou a FAB, ressaltando o trabalho feito em várias áreas do setor, inclusive na indústria do transporte aéreo. ;Seu trabalho nos garantiu um moderno, eficiente e integrado sistema de controle do espaço aéreo. Essas conquistas têm sido fundamentais na manutenção de nossa soberania e propiciado ao Brasil proteger as fronteiras, as riquezas e o povo;, declarou.