Em outubro, cinco mulheres foram ao Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) alegando serem mães da recém-nascida abandonada em 15 de setembro. No último fim de semana, uma delas, inclusive, teria tentado passar pela portaria da unidade acompanhada de um homem e de uma senhora que se dizia advogada e conselheira tutelar. ;Como as pessoas não apresentaram os documentos de identidade, a entrada não foi autorizada. Elas só foram embora depois que os seguranças ameaçaram chamar a polícia;, disse o gerente administrativo do hospital, Ivan Rodrigues. A mãe da criança foi identificada como uma jovem de 18 anos, que entregou a bebê a um porteiro dizendo ter encontrado a menina abandonada na rua (veja Entenda o caso).
A pedido do Conselho Tutelar da cidade e da Polícia Civil, a 1; Vara da Infância e da Juventude do DF (1; VIJ) determinou, na última sexta-feira, que a jovem e o marido sejam submetidos a exames de DNA. Após os testes, será possível tirar as dúvidas relacionadas à maternidade e à paternidade da bebê. Identificados os pais e, após analisar as condições psicológicas e sociais deles, o magistrado deverá decidir se a criança retornará aos braços da mãe; será cuidada pelos avós; ou se o melhor caminho é a adoção. Juliana*, a jovem que entregou a bebê ao HRSM, quer a guarda dela e, por enquanto, é a única mulher autorizada a visitá-la no HRSM.
A história da neném foi contada pelo Correio em 17 de setembro. O porteiro Luiz Carlos da Silva, 51 anos, recebeu a recém-nascida das mãos de Juliana. Ela dizia ter encontrado a criança na rua, dentro de uma bolsa de mulher. Menos de uma semana depois, a moça se apresentou à 33; Delegacia de Polícia (Santa Maria) e confessou ser a mãe da menina. À reportagem, a jovem disse não ter contado a verdade antes por medo e vergonha. Juliana disse ter sido vítima de estupro em uma noite de março. Um homem a teria seguido e, armado de uma faca, anunciado o assalto. ;Dei o celular, mas tinha um matagal perto e ele me estuprou lá;, contou, à época.
A polícia desconfia que o pai da criança seja Cléber de Jesus Rodrigues, 28 anos, preso há dois meses, suspeito de ter estuprado entre 50 e 60 mulheres de Santa Maria, do Gama e do Pedregal (GO). Diante dessa informação, o juiz da Vara da Infância e da Juventude também determinou que seja feito exame de DNA no acusado.
Respiração espontânea
Enquanto não fica comprovado quem são os pais da criança, Maria Flor começa a ganhar a luta pela vida. A recém-nascida engordou 300 gramas em um mês e 11 dias. A pequena de cabelos lisos e pretos deu entrada no HRSM prematura de 28 semanas. A menina passou de 915 gramas para o atual 1,214Kg e não precisa mais de um ventilador mecânico para respirar. Embora ainda esteja na encubadora da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal, os avanços da recém-nascida representam uma vitória.
Em nota, a Secretaria de Saúde do DF informou que ;a alimentação está sendo por meio de sonda, ou seja, a mãe ainda não está amamentando;. Maria Flor recebeu esse nome dos servidores do hospital e é o xodó de médicos e enfermeiros. A bebê abriu os olhos e chora timidamente sempre que algo a incomoda. ;Está de olhos abertos, mexendo e hiperativa. É outra criança. Nem se compara ao dia em que ela chegou ao hospital;, disse o gerente administrativo do HRSM, Ivan Rodrigues.
*Nome fictício
Memória
5 de agosto de 2011
Um bebê de sete meses foi encontrado em um curral comunitário, em São Sebastião. O menino foi achado pelo marceneiro Cícero Alexandre, 35 anos, que decidiu levar a criança para casa, alimentá-la e aquecê-la. Informada da situação, a polícia levou o bebê para o Conselho Tutelar. A mãe acabou presa por abandono de incapaz.
6 de setembro de 2010
O zelador Olímpio Francisco dos Santos, 40 anos, e a doméstica Lurdes Rocha Tavares, 34, caminhavam para o trabalho, por volta das 6h30, quando encontraram um recém-nascido sujo de sangue, em frente à chácara 21 do Conjunto 6, no ParkWay. A menina estava envolta em uma coberta, ainda com o cordão umbilical. Ela pesava 2,6 quilos e tinha 46,5 centímetros. Após receber alta, a criança foi encaminhada a um abrigo. O caso foi registrado na 4; Delegacia de Polícia (Guará).
8 de agosto de 2009
Um bebê com cinco meses de vida foi encontrado em uma vala no bairro Arapoanga, em Planaltina. Após uma denúncia, policiais militares localizaram a criança e a levaram ao Hospital Regional de Planaltina (HRP). O menino deu entrada na unidade de saúde com um hematoma na cabeça. Encaminhado ao Hospital de Base do DF, passou por uma ressonância magnética, mas nada foi constatado e ele retornou ao HRP. Os pais da criança foram ao hospital em seguida. Segundo a mãe do bebê, ela e o filho teriam sido sequestrados. No caminho, os bandidos teriam abandonado a criança e, depois, mais à frente, a mulher.