Um grupo de 24 professores de escolas públicas do DF está aprendendo a incorporar as tecnologias de informação e comunicação (TICs), como a internet, no ensino. Durante quatro dias, eles exercem papel de aluno, conhecem técnicas de filmagem, escrevem e montam mapas para um site. A criação de um blog literário sobre um escritor cujas obras são cobradas no vestibular é o ponto de partida.
Os professores terão de pesquisar e montar mapas no Google, além de fazer vídeos sobre Rachel de Queiroz. Todo o trabalho postado por eles no blog é feito com programas e ferramentas gratuitas, disponíveis na internet ou nos computadores e celulares aos quais têm acesso.
A organização sem fins lucrativos Casa da Árvore, de Tocantins, é quem promove o Circuito Telinha na Escola, em parceria com a operadora Vivo e a Secretaria de Educação do Distrito Federal. As aulas começaram na terça-feira e se encerram hoje, no Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE) do Guará.
Pela ONG, comunicadores e profissionais da educação já percorreram 22 cidades do país para mostrar que é possível levar a tecnologia para a sala. ;Em todos os lugares por que passamos, as realidades são diferentes, mas os questionamentos são os mesmos. A maioria dos professores não consegue ou tem receio de lidar com o fato de que os alunos sabem usar computador e celular mais do que eles;, esclarece Leila Dias, professora do circuito.
Maria da Paz Dantas teve de enfrentar o medo de lidar com a tecnologia. No ano passado, ela foi escalada para trabalhar no laboratório de informática da Escola Classe 1 do Guará e auxiliar os professores do 1; ao 4; ano nas atividades. ;Eu não gostava muito de computador, mas depois vi que é uma ferramenta muito importante na vida dos meninos e percebi que não dava para viver sem. E quando você acha que aprendeu tudo, sempre tem algo a mais;, admira-se.
Assim como Maria, a ONG percebeu um distanciamento entre as gerações e decidiu investir na formação dos mestres. ;Apesar de os estudantes dominarem as ferramentas digitais, são os professores quem têm o conteúdo a ser disseminado;, defende Leila.
Mudança de cultura
Pesquisa do Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic) de 2010 mostra que 64% dos professores de português e matemática de escolas públicas brasileiras acham que sabem usar menos o computador que seus alunos. O levantamento, feito com 1.541 docentes de matemática e português, comprova o desencontro entre projeto pedagógico e recursos de informática. Há pouca penetração do computador em sala. De acordo com José Antônio da Silva, diretor da Diretoria Regional de Ensino do Guará, a intenção dos projetos do NTE é mudar essa cultura. ;O curso vai mostrar que até o celular é um recurso. Queremos agregar a informática à multidisciplinaridade;, diz.
EU, ESTUDANTE.
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