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No período de chuva, risco ao volante cresce 40%

A mesma chuva que alivia o calor aumenta em até 40% a quantidade de acidentes de trânsito no Distrito Federal. Isso acontece porque o motorista insiste em dirigir da mesma maneira que na época da seca. Mas a lâmina d;água no asfalto reduz o atrito dos pneus com o solo e provoca a aquaplanagem. Consequentemente, as colisões, os atropelamentos e as derrapagens acontecem com mais frequência nas vias da capital do país.

Nos centros urbanos, onde o fluxo de carros é maior e a velocidade, mais baixa, boa parte dos registros se resumem, geralmente, a danos materiais. Foi o que houve na tarde de ontem na curva do viaduto de acesso à avenida W3 Norte, na altura do Eixo Monumental. A advogada Alessandra Miranda de Andrade, 31 anos, se envolveu em um engavetamento com mais dois carros durante o temporal do início da tarde.

O Corsa sedan dela acabou atingido por um Gol e ficou com a traseira destruída. Uma caminhonete Fiat Strada que vinha logo atrás atingiu a traseira do Gol. Ninguém se feriu. ;Eu sempre ando devagar em caso de chuva. Estava trafegando abaixo da velocidade da via na hora do acidente;, diz Alessandra. Na opinião dela, a batida ocorreu porque o condutor de outro veículo danificado estava em alta velocidade. O Juizado Especial de Trânsito deve investigar as circunstâncias da colisão.

Nas rodovias, nas quais a velocidade dos veículos ultrapassa os 100km/h, a situação se agrava. Entre a tarde da última sexta-feira e a madrugada de sábado, oito pessoas morreram nas estradas federais que cortam o DF. De acordo com o inspetor Daniel Bomfim, do 1; Distrito Regional da Polícia Rodoviária Federal em Brasília, a quantidade de acidentes nos fins de semana triplica na época de chuva. ;Os condutores acabam dirigindo como se estivessem numa pista seca. Aí, têm a triste surpresa quando não conseguem controlar o veículo e acabam se envolvendo em acidente, alguns deles fatais;, afirma.

Estudo
A pedido do Correio, o diretor-geral do Instituto de Criminalística da Polícia Civil do DF, Wagner Santos, calculou a distância percorrida e o tempo necessário para parar um veículo em pista seca e em via molhada. O resultado revelou que o trajeto percorrido é 40% maior, em média, na segunda situação. Ele explica que isso acontece porque o coeficiente de atrito e a aderência dos pneus com a pista diminui por causa da água. ;O veículo necessita de mais tempo e espaço para sair da velocidade inicial e chegar a zero. Sabe quando a criança molha o chão do quintal, vem correndo e escorrega? É a mesma coisa. Se a lâmina de água for suficiente para o pneu perder o contato com a superfície, o carro vira um barco sem controle;, compara Santos (leia quadro).

Segundo Santos, o condutor demora, em média, de 1,5 a 3 segundos para reagir a um estímulo e acionar o sistema de freios em condições normais. O tempo é ainda mais lento se o condutor bebeu, se o vidro está embaçado ou se a visibilidade é ruim. Diante disso, alguns cuidados são fundamentais para evitar mortes ou, na melhor das hipóteses, aborrecimentos e prejuízos financeiros.

O chefe do Núcleo de Policiamento e Fiscalização do Departamento de Trânsito (Detran), Helder Athan, explica que, em tempos de pista molhada, o motorista precisa reduzir a velocidade, aumentar a distância do veículo da frente, garantir que os freios estão em bom funcionamento e checar as condições dos pneus e dos para-brisas. ;Os cuidados são os mesmos durante todo o ano. Mas na chuva é fundamental que esses itens estejam em perfeito estado;, alertou.