A Polícia Civil apresentou nesta quarta-feira (12/10) um casal preso na última segunda-feira (10/10) no Rio de Janeiro, acusado de praticar o golpe do falso sequestro no DF. Marcelo Adell da Silva, 40 anos, foi descoberto depois de aplicar o esquema por telefone em uma mulher de 83 anos, enquanto ainda estava preso na capital carioca. Também foi presa a companheira de Marcelo, Roseimery Gomes da Silva, 35 anos, apontada pela polícia como responsável pelos saques do dinheiro que ele ganhava com o golpe.
Marcelo Adell é condenado a 50 anos de prisão no Rio de Janeiro por roubo de carga, e cumpria pena no Complexo Pemitenciário de Gericinó (antigo complexo de Bangu) há 13 anos. Ele foi descoberto pela polícia de Brasília depois que extorquiu R$ 3,5 mil de uma idosa moradora da Asa Sul. Ele ligou para a mulher fingindo ser um bombeiro responsável por um familiar dela, que teria sido vítima de um acidente. Depois de extrair informações pessoais, ele revelou ser um sequestrador, e exigiu que ela transferisse R$ 3,5 mil em troca da liberdade de sua filha. Porém, durante toda a conversa, ele continuava sob custódia em outro estado, e o sequestro nunca havia ocorrido.
Em conjunto com a Delegacia Anti Sequestro do Rio de Janeiro, a Divisão de Repressão a Sequestros (DRS) do DF conseguiu bloquear cerca de R$ 3 mil que ainda estavam na conta da dupla. A polícia suspeita que Adell e Roseimery aplicavam o golpe há pelo menos seis meses. Enquanto ele era o responsável pelas ligações, a mulher administrava o dinheiro extorquido das vítimas via transferências bancárias. A dupla pode ser condenada a até 13 anos de prisão pelo crime.
Segundo o delegado Marcelo Portela, diretor da DRS, o esquema era feito de forma aleatória. Os criminosos escolhiam um telefone e mudavam os últimos dígitos até encontrar uma vítima que acreditasse no falso sequestro. Embora as ligações fossem feitas para todo o Brasil, ele ressalta que o Distrito Federal é um dos alvos favoritos dos bandidos. "No DF há uma grande incidência desse tipo de crime, talvez pelo nível socioeconômico dos moradores. E praticamente 100% das ligações partem do complexo penitenciário", avaliou Portela. Somente no primeiro semestre de 2010, 354 pessoas foram alvo desse golpe em Brasília. O índice subiu para 504 vítimas no mesmo período deste ano.