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Alunos da UnB ganham destaque em maratona nacional de engenharia


Dois estudantes da Universidade de Brasília (UnB) provaram que, mesmo longe do litoral, é possível vencer os desafios encontrados nas plataformas de exploração de petróleo e gás natural. No último dia 6, os alunos do curso de engenharia mecânica Paulo Marçal e Rafael Simões, ambos com 21 anos, saíram vitoriosos da Maratona Nacional Chemtech de Engenharia, que testou a habilidade dos participantes na área. Os brasilienses superaram 240 alunos de 24 instituições acadêmicas do país e colocaram o nome da UnB pela primeira vez no pódio.

Durante quatro meses de competição, os participantes operaram o software Oil and Gas Manager (OGM), um simulador de plataformas de petróleo usado por grandes empresas petrolíferas americanas. O treinamento foi dividido em cinco módulos, compostos de exercícios on-line. À medida que os alunos entregavam os trabalhos, o desempenho de cada um era avaliado por técnicos da empresa. Dos 10 estudantes da UnB que ingressaram na maratona, Paulo e Rafael, ambos moradores da Asa Norte, tiveram as melhores notas em todas as fases, o que lhes rendeu um lugar entre os finalistas do concurso.

Para participar das últimas etapas da maratona, no entanto, os estudantes precisaram viajar mais de mil quilômetros até o Rio de Janeiro, onde a disputa aconteceu em meio à Offshore Technology Conference, uma das maiores feiras mundiais do setor. ;Passamos por duas provas, a semifinal e a final. Uma delas durou duas horas e a outra, três;, detalhou Rafael. Segundo ele, o desafio foi construir soluções para diminuir a emissão de gás carbônico (CO2) e o gasto de energia em duas plataformas de extração de petróleo e gás em alto-mar.

Ainda como parte integrante da etapa final da disputa, Paulo e Rafael seguiram para uma apresentação oral, quando tiveram de vencer a timidez e o nervosismo. Dentro de um prazo de 10 minutos, eles precisaram expor as ideias criadas, em inglês, para uma banca de jurados. ;Foi feito um sorteio entre os grupos e acabamos sendo o primeiro grupo a apresentar. Por isso, não deu muito tempo para organizar o que iríamos falar;, contou Paulo. ;No início, não estávamos confiantes, mas mantivemos a calma e isso nos ajudou.; Entre os avaliadores da dupla estavam técnicos da Chemtech, especialistas da Fundação Getulio Vargas (FGV), gestores da Secretaria de Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro e desenvolvedores do software Oil and Gas Manager (OGM) vindos de Huston, nos Estados Unidos.

A dedicação e a interação entre os dois jovens facilitou o trabalho. ;Passávamos dias fazendo os exercícios e, algumas vezes, as madrugadas. As atividades iniciais eram individuais, mas trocávamos experiências frequentemente. Do conteúdo à formatação de texto, tudo a gente discutia. Os integrantes de outros grupos, muitas vezes, nem sequer se conheciam;, pontuou Paulo. Rafael acrescenta que a experiência abriu portas para ambos. ;Apesar de não estudarmos nada específico na área de petróleo durante o nosso curso, a participação na maratona nos fez ver que é nessa área que queremos nos profissionalizar;, completou.

Mercado
Além de entrar em contato com ferramentas e softwares profissionais, os participantes da maratona têm a oportunidade de ser absorvidos pelo mercado de trabalho. É o que explica a líder de RH da Universidade Corporativa Chemtech, Lilian Cidreira da Costa: ;As universidades nos ajudam a trazer grandes talentos para a empresa. Também podemos contribuir com os desenvolvimento dos alunos. Durante a fase do curso on-line, capacitamos mais de 200 estudantes por ano, período no qual se destacam 20 deles, que participam da grande final. Dessa forma, a maratona acaba sendo uma forma de recrutamento para a Chemtech. Até 2010, já contratamos mais de 60 alunos como estagiários;.

O professor Eugênio Fortaleza, do Departamento de Engenharia Mecânica da UnB, sempre confiou no potencial de Paulo e Rafael. Foi ele quem sugeriu à dupla que participasse da maratona.

;Além de professor orientador da etapa disputada pela UnB, coincidentemente, sou o orientador de iniciação científica desses dois alunos e trabalhamos com temas correlatos à exploração de petróleo;, conta.

Embora a UnB ainda esteja nos primeiros passos nesse setor, a instituição está em processo de negociação de projetos com empresas da área. ;Queremos passar a ser um ator dessa economia e gerar energia, além de agregar valor. Nosso objetivo é prestar serviço à sociedade e à indústria dessa área que enfrenta grandes desafios e precisa da solução desses desafios. O mercado de petróleo tem muita oportunidade, mas também é muito exigente;, acrescenta Fortaleza.

Como prêmio, cada um dos estudantes ganhou, além de troféus, um iPad. O projeto de iniciação científica dos alunos, que estão no 8; semestre, está ligado à extração de petróleo e gás. Rafael estuda o bombeamento de reservatórios subterrâneos, e Paulo, estruturas para plataformas em alto-mar.

Conheça
A Chemtech, empresa organizadora da maratona, que se realiza desde 2004, é uma das maiores consultorias do país na área de petróleo e gás. Oferece serviços de engenharia, controle e automação, tecnologia da informação (TI) e desenvolvimento de softwares. Com sede no Rio de Janeiro, a empresa está presente em outras seis cidades ; Belo Horizonte, Salvador, São Paulo, Vitória, Porto Alegre e Natal. Conta 1,3 mil funcionários e desenvolveu, aproximadamente, 1,7 mil projetos nos últimos três anos.