Jornal Correio Braziliense

Cidades

MP vai denunciar nesta sexta à Justiça professor acusado de matar aluna

O Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) denunciará hoje à Justiça o professor Rendrik Vieira Rodrigues, 35 anos, acusado de matar a estudante Suênia Sousa de Farias, 24. Para o promotor responsável pelo caso, Maurício Miranda, não restam dúvidas sobre a autoria do crime. ;A questão da prisão está superada. O juiz já transformou em preventiva, e o Tribunal de Justiça se manifestou sobre a prisão, que, tecnicamente, se tivesse alguma coisa errada, ele estaria solto;, destacou o promotor do Tribunal do Júri de Brasília.

Para Miranda, a falta de antecedentes criminais e a existência de uma residência fixa por parte do acusado não interferem no processo. ;São fatores que não prejudicam a (prisão) preventiva. Acredito que, se ele for mantido preso, o julgamento será rápido. Se for solto, demora mais porque começam os recursos dos advogados de defesa;, explicou.

Após o MPDFT oferecer a denúncia, começa a fase de instrução, quando o juiz avalia se a denúncia apresentada contém os requisitos necessários para a prisão do réu. Nesse caso, Rendrik poderá ser submetido a um júri popular, cuja decisão de condená-lo fica a cargo de jurados, representantes do povo. ;Com certeza, ele irá a júri popular;, adiantou Miranda.

O inquérito foi encaminhado à Justiça na última terça-feira. A polícia indiciou Rendrik por homicídio duplamente qualificado (por motivo fútil e impossibilidade de defesa à vítima). Miranda seguirá o mesmo entendimento. A conclusão da perícia realizada no carro do marido da jovem ; Suênia levou três tiros no Sandero de Hélio Prado ; e nos celulares deles será anexada ao inquérito. Os investigadores da 27; Delegacia de Polícia (Recanto das Emas), responsáveis pelo caso, pediram ainda a quebra do sigilo telefônico de Rendrik e de Suênia.

A polícia descobriu, por exemplo, que às 17h06 de 30 de setembro, dia do homicídio, Rendrik ligou para um amigo ; eles se conhecem há 18 anos ; e pediu para que ele buscasse o veículo no estacionamento público em frente ao UniCeub. Momentos antes, o assassino e a vítima haviam deixado o local. O colega encontrou o carro com a porta dianteira esquerda aberta e o motor ligado. Antes de se aproximar, ele viu uma mulher dentro do carro. Tratava-se de uma colega de Suênia, que ia pegar carona com ela para Águas Claras. Por telefone, o professor pediu que o colega desse R$ 20 para que a aluna pegasse uma condução para casa.

Depoimentos

Cinco pessoas prestaram depoimento na 27; DP. Entre elas, o próprio acusado. Ele contou que iniciou o namoro com Suênia em 14 de outubro de 2010. Segundo ele, só soube que a jovem tinha um relacionamento estável uma semana depois. O caso deles teria durado até 7 de setembro de 2011. Rendrik disse que ;durante o período em que esteve separado de Suênia, alimentado pela grande paixão que sentia, se preocupou em saber se ela havia reatado o relacionamento com o marido;.

No dia do crime, o professor contou que convenceu a jovem a conversar com ele e que atirou, ;no ímpeto;, após ela ligar a mando dele para Hélio Prado, com número oculto e no viva-voz. Depois de o professor pressioná-la, a estudante teria admitido que voltaria para o marido. ;Vou voltar para ele mesmo. Você não me merece.; Tais palavras lhe custaram a vida.

Homenagem emocionada
Cerca de 150 pessoas participaram da missa de sétimo dia da morte de Suênia Sousa de Farias, 24 anos. A cerimônia começou pontualmente às 19h30, na Paróquia São Paulo, no Incra 8, em Ceilândia. A irmã mais velha da vítima, Cilene Sousa de Farias, 34, fez a primeira leitura da Bíblia Sagrada e falou da profecia de Malaquias, no capítulo 3, versículos 13 a 20: ;Portanto, hoje os felizardos são os soberbos, pois consolidaram-se, praticando o mal, e, mesmo provocando a Deus, estão impunes (;)Para vós, que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça trazendo salvação em suas asas;.

Os familiares se sentaram na primeira fila e apresentaram slides com as fotos da jovem, que estudava direito. A missa foi marcada pela emoção e os parentes de Suênia choraram com a música Ninguém te ama como eu, que virou sucesso na voz do Padre Marcelo Rossi. Eles usavam camisetas com o nome dela e a foto. Atrás, estava escrito: ;Suênia, nós te amamos;. ;Pode ser que ele (Rendrik) fique preso uns três anos só, mas enquanto eu estiver viva, vou correr atrás de justiça;, desabafou Cilene. (Flávia Maia)