A Secretaria de Saúde do Distrito Federal investiga a morte da estudante Fernanda Oliveira Abreu Pires, 10 anos. Ela foi vítima de um agente infeccioso ainda não identificado que intriga os médicos do Hospital Alvorada Taguatinga e outros especialistas envolvidos no caso.
Segundo a tia de Fernanda, Mara Pires, a menina, que era aluna da 5; série G do Colégio Marista-Geral (609 Sul), sentiu-se mal no último sábado pela manhã, quando apresentou um quadro de febre e vômito acompanhado de dores na garganta. Fernanda foi levada ao Hospital Alvorada, onde foi atendida pela pediatria. Mara conta que, como nenhum problema no pulmão ou na garganta foi detectado, Fernanda recebeu um antitérmico e um remédio para interromper os vômitos. Ela voltou para casa, onde permaneceu durante todo o sábado.
Segundo a tia, Fernanda melhorou, a febre baixou, mas, no domingo, o que parecia apenas mais uma virose comum às crianças evoluiu para um quadro cuja origem permanece um mistério. A febre retornou, Fernanda começou a tossir muito e, já à noite, passou a queixar-se de dores no peito. Levada ao Hospital Alvorada na madrugada de segunda-feira, a estudante deu entrada na emergência já bastante debilitada. ;Ela chegou muito fria e em estado de choque;, contou Mara.
A partir daí, a evolução da infecção mostrou-se muito rápida e resistente a qualquer tentativa de combate. A jovem recebeu medicação intravenosa e a atenção de especialistas de várias áreas, que tentavam reverter o quadro sem sucesso. ;Como ela não respondia ao tratamento na emergência, decidiu-se que deveria ser transferida para a UTI. Optou-se transferi-la para a UTI do Hospital Brasília (no Lago Sul), mas a essa altura a Fernanda já apresentava um derrame pleural (acumulo de líquidos no pulmão);, lembra Mara.
Como a transferência para outro hospital era muito arriscada devido ao estado grave da paciente, Fernanda foi encaminhada à UTI do Alvorada, mas todos os esforços para controlar a infecção mostraram-se ineficientes. ;Foi algo muito agressivo. Ela recebeu intensa cobertura de antibióticos, inclusive para H1N1 (também conhecida como gripe suína), mas a infecção se alastrou muito rápido;, lamenta Mara. Fernanda morreu por volta das 17h30 de terça-feira devido a uma disfunção múltipla dos órgãos cuja causa foi um choque séptico (infecção generalizada) de origem ainda não identificada, de acordo com o médico da família, o clínico-geral Abelardo Bonfim. O corpo da estudante será cremado hoje, em cerimônia restrita apenas a familiares e amigos mais próximos da família.
A tragédia chocou os alunos do Marista, principalmente os da 5; série, que a conheciam bem. Ontem, uma missa em memória de Fernanda foi realizada no colégio, com a presença dos alunos. Além disso, uma grande faixa preta, simbolizando luto, foi colocada no pátio da escola e permanecerá por sete dias, em respeito à ex-aluna.
Preocupação
O fato de o agente infeccioso que causou a morte de Fernanda não ter sido identificado deixou a administração do Marista em alerta. Segundo a assessoria de imprensa da escola, agentes da Vigilância Sanitária estiveram no local na terça-feira, vistoriaram a sala de aula onde Fernanda estudava, mas aconselharam a instituição de ensino a manter o cronograma normal de aulas até que um laudo conclusivo sobre o caso fosse divulgado.
A assessoria de imprensa do Hospital Alvorada Taguatinga informou que, a pedido da família de Fernanda, mais esclarecimentos sobre o caso só serão repassados após o resultado decisivo dos exames nas amostras que foram colhidas durante a internação.
Em nota oficial, a Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde informou que ;o caso da paciente está sendo acompanhado desde a sua internação e que a causa da morte ainda está sob investigação. Os sintomas apresentados são semelhantes aos de diversas doenças como gripe, hantavirose e outros agravos. Diversos exames foram solicitados e algumas amostras de sangue da paciente encaminhadas a laboratórios de outros estados. Neste momento, não há suspeita de meningite e nem previsão de conclusão do laudo definitivo.;
A Secretaria de Saúde espera receber hoje um laudo técnico do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cives), que monitora todos os surtos epidemiológicos ocorridos no país.
Fique atento
Alguns dos sintomas apresentados pela estudante Fernanda Oliveira Abreu Pires são comuns a várias doenças, como meningite e hantavirose, por exemplo. Saiba como reconhecer quando seu filho deve ser levado imediatamente ao médico:
; Sintomas que indicam perigo
Febre alta, dor de cabeça intensa, náuseas, vômitos, rigidez no pescoço, sensibilidade à luz, alteração do estado mental, indisposição repentina e perda do apetite podem ser sinais de que algo não vai bem com seu filho. Se a criança ou adolescente apresentar alguns desses sintomas, leve-o imediatamente ao médico. Quadros como esses podem ser o início de uma grave doença, inclusive as infecciosas.
; Contato
As doenças infecciosas podem ser causadas por vírus, como o da hepatite, da rubéola e do sarampo, ou por bactérias, como a que provoca o tétano, a tosse convulsa e a meningite. Elas podem ser transmitidas por contato com a pele, fluidos corporais, por meio de alimentos ou bebidas contaminados ou ainda por partículas de ar que contenham micro-organismos. Picadas de insetos ou mordidas de animais também são formas de transmissão.
; A meningite
As chances de contágio da meningite aumentam nos meses de chuva, com a queda da temperatura e a consequente aglomeração de pessoas em locais fechados, facilitando a transmissão, que pode se dar pelo contato da saliva ou gotículas de saliva da pessoa doente com os órgãos respiratórios de um indivíduo saudável, levando a bactéria para o sistema circulatório aproximadamente cinco dias após o contágio.
; Hantavirose
Febre acima de 38;C, dores musculares e dificuldade de respirar podem indicar que o paciente esteja contaminado pela hantavirose, doença transmitida por ratos silvestres. Espirro, tosse, aperto de mão ou qualquer outro contato físico não representam risco de contágio, que só ocorre quando a pessoa respira poeira com restos de fezes, urina ou saliva de roedores contaminados.
; Onde fazer contato
Em caso de dúvidas, ligue para a Secretaria Saúde do Distrito Federal: 160