O próximo vestibular para preencher as vagas do câmpus de Ceilândia pode ser suspenso, caso a maioria dos professores, alunos e servidores da Universidade de Brasília (UnB) optem por essa decisão. O assunto deve ser colocado em pauta hoje, às 14h30, durante a reunião do Conselho Universitário (Consuni), órgão máximo da universidade. Apesar de não constar na ata oficial, o tema deve ser debatido em caráter de urgência. Isso porque os alunos de Ceilândia ocupam a reitoria, na Asa Norte, há 11 dias, e os professores estão de braços cruzados. Eles exigem a suspensão do exame até a entrega as instalações da faculdade.
Enquanto alunos e professores tentam impedir a entrada de 260 novos estudantes nas instalações provisórias no Centro de Ensino Médio n; 4 (CEM 4) de Ceilândia, a reitoria da UnB articula para que o vestibular e o Programa de Avaliação Seriada (PAS) não sejam interrompidos. Ontem à noite, o reitor, José Geraldo Pereira, reuniu-se com alguns integrantes do Consuni para discutir a situação.
De acordo com o decano de Assuntos Comunitários, Eduardo Raupp, a posição da reitoria é a de que o processo seletivo ocorra normalmente e que a universidade tente terminar o prédio até o começo das aulas, em 1; de março do ano que vem. Caso as obras não sejam concluídas, a Universidade de Brasília estuda adiar o início do semestre letivo. ;A UnB tem um compromisso legal com a sociedade e deve cumprir com ele;, avisou o decano.
Apesar do apoio da Associação dos Docentes da UnB (Adunb), os estudantes não têm esperanças de que conseguirão impedir a nova seleção. ;Queremos, ao menos, ser ouvidos;, diz a líder da ocupação da reitoria, a estudante Jéssica Rosa. Os estudantes alegam que o CEM 4 está superlotado e sem condições de receber novos universitários. Atualmente, quase 1,5 mil alunos estudam nos cinco cursos de graduação e nos dois de pós-graduação oferecidos pela instituição.
[SAIBAMAIS]As salas para 40 pessoas estão com média de 60 e as primeiras turmas vão se formar nas estruturas provisórias. A entrega do prédio da Faculdade de Ceilândia foi adiada por 11 vezes pela construtora Uniengenharia. Há três anos, alunos, professores e servidores aguardam pelas novas instalações (leia Memória). Por conta do atraso nas obras, um curso de fonoaudiologia, já aprovado, não sai do papel e vários equipamentos de laboratório estão encaixotados. ;Na primeira chuva que der, os equipamentos empilhados no corredor vão estragar;, alerta o presidente da Adunb, Ebenezer Nogueira.
Obras
Hoje, a diretora do câmpus de Ceilândia, Diana Pinho, deve apresentar o documento elaborado por professores e alunos aos 90 membros do Consuni e eles votarão se acatam a suspensão. O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UnB tem direito a oito votos e, apesar de ser contra a interrupção do vestibular, votará a favor da decisão dos alunos de Ceilândia, aprovada em assembleia. ;Preferimos o adiamento do calendário acadêmico, mas como a maioria quer que o vestibular não ocorra, vamos apoiá-la;, explicou o coordenador-geral do DCE, Jonatas Moretti.
Ebenezer Nogueira, da Adunb, também acredita que não passará a proposta de adiamento do processo seletivo para o câmpus de Ceilândia. ;Pelo menos vamos fazer pressão para a melhoria na infraestrutura;, ressalta. Para garantir os votos a favor do vestibular e do PAS, a UnB promete entregar pelo menos o prédio dos laboratórios. A Secretaria de Obras do DF informou ontem que o contrato com a Uniengenharia foi rescindido. A decisão deve ser publicada no Diário Oficial do DF na próxima segunda-feira. Agora, a UnB vai desembolsar R$ 2 milhões para concluir o primeiro prédio e o GDF promete entregar o segundo antes do início do semestre letivo.
Colaborou Manoela Alcântara
Calendário
A previsão é de que as provas do vestibular sejam realizadas em 10 e 11 de dezembro. São 1.737 vagas no câmpus Darcy Ribeiro (Plano Piloto), 130 em Ceilândia, 140 no Gama e 85 em Planaltina.