O homem acusado de matar Darlla Dutra Rodrigues, 6 anos, será julgado pelo Tribunal do Júri de Samambaia, a partir das 13h da próxima quinta-feira (22/9). Ele responde ainda pela tentativa de homicídio contra José Pinheiro dos Santos, companheiro da avó da criança. Autor do crime ocorrido no fim de 2009 em Samambaia Sul, Marcelo Barbosa Soares - mais conhecido como Gargamel - à época estava em regime de prisão domiciliar e cumpria pena por outros três homicídios e duas tentativas de homicídio.
De acordo com o promotor de justiça Jefferson Lima Lopes, do Tribunal do Júri de Samambaia, Marcelo teria pego emprestada uma espingarda dois dias antes do crime. Segundo o promotor, no dia 8 de dezembro de 2009, a mãe Carla Dutra teria saído de casa mais cedo para trabalhar. Às 6h50 Marcelo entrou na residência e notou a porta de um dos três quartos entreaberta e, ao ver uma pessoa dormindo, cobriu a cabeça com um travesseiro e atirou. "O rosto da criança ficou desfigurado. O cenario do crime é muito triste. Em oito anos de júri nunca vi nada tão cruel", descreveu.
O promotor disse que, além da vítima, estavam na casa o tio da menina e a avó com o companheiro, José Pinheiro dos Santos. "Nenhum deles ouviu o tiro. Ele [o autor] tentou invadir os outros quartos e conseguiu entrar no do casal, mas o mecanismo de repetição engasgou quando mirou em José, o que fez com que Marcelo não conseguisse preparar o cartucho de munição para outro disparo", contou. Ao perceber a brecha para reação, José gritou chamando o tio de Darlla e, enfim, conseguiram dominá-lo.
O rapaz, que aparentemente teria invadido a casa para roubar, foi agredido em legítima defesa. "Eles iam chamar a policia mas, até então, achando que era uma tentativa de assalto o deixaram ir embora. Uns 20 minutos depois, descobriram que a menina tinha sido morta quando a tia da menina apareceu e foi até o quarto", concluiu.
O responsável pela arma do crime era Marcos Paulo dos Santos Alves, conhecido como cicatriz. Em julgamento ocorrido no dia 11 de março deste ano, Marcos foi condenado a cumprir pena de quatro anos e dois meses de reclusão por empréstimo ilegal de arma de fogo.
Em depoimento prestado à 32; Delegacia de Polícia, Marcelo declarou que pretendia executar Carla Dutra, mãe da vítima, mas acabou por confundir as duas no escuro.
Relembre o caso
Marcelo foi preso no dia 19 de abril de 2010 em uma praça na Quadra 509 do recanto das Emas. O delegado da 32; Delegacia de Polícia explicou que ele recebia apoio de amigos e familiares em Ceilândia, Recanto das Emas, Setor de mansões Park Way e Pedregal.
[SAIBAMAIS]O acusado alegou, em depoimento, que atirou em Darlla no escuro. Ele teria visto só os cabelos da menina, e por isso pensou que fosse a mãe, a cabeleireira Carla Dutra, 31. De acordo com Marcelo, Carla teria incitado uma testemunha a depor contra ele no assassinato de Luiz Magno Silva, 25, conhecido como Monga, em 2008. "Eu a vi na cama, e achei que fosse a mãe. Só vi que era a criança pelos jornais. Entrei em desespero. Minha intenção não era matar a criança", disse Marcelo.
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