Jornal Correio Braziliense

Cidades

Brasília aparece na quinta posição no ranking nacional dos delitos virtuais

Furtos, calotes e difamação. Os crimes que antes só ocorriam no mundo real se tornaram comuns no meio virtual desde a popularização da internet. Além das facilidades, a rede mundial de computadores virou uma porta aberta para armadilhas de todos os tipos. Pelos dados da Polícia Federal, uma média de 14 pessoas por mês se tornam vítimas de fraudes eletrônicas na capital do país. O Distrito Federal aparece em quinto lugar no ranking nacional. O primeiro lugar fica para São Paulo, seguido de Paraná, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

De janeiro a julho, a Polícia Civil do DF contabilizou 444 crimes praticados por meio da rede. Brasília é a região administrativa com o maior número de ocorrências. O estelionato é o delito mais frequente, com 221 vítimas no período. Além disso, o levantamento mostra que, no período, houve 101 casos de injúria no mundo virtual, seguido por 62 registros de difamação e 51 de furto mediante fraude (leia quadro). Por último, nove pessoas foram caluniadas no ambiente cibernético durante os sete primeiros meses de 2011.

Apesar das estatísticas representarem uma redução de 27,37% em relação à média mensal do ano passado, os crimes virtuais tornaram-se frequentes. De acordo com o chefe da Divisão de Repressão aos Crimes de Alta Tecnologia (Dicat), Sílvio Cerqueira, a unidade recebe cerca de 10 denúncias por dia, inclusive de casos que aconteceram fora do país. ;A tendência é de um crescimento desses registros. A sensação geral de que a internet não é terra sem lei está aumentando. As pessoas já têm ideia de que podem buscar o apoio da polícia;, avalia o delegado.

A possibilidade de roubar alguém sem ter contato físico faz com que os delitos pela rede se popularizem. ;Fazer um furto a milhares de quilômetros de distância da vítima é um atrativo para o criminoso. Mas é preciso mostrar a ele que essa facilidade não é razão para praticar crimes;, afirma o delegado-chefe da Unidade de Repressão a Crimes Cibernéticos da Polícia Federal, Carlos Eduardo Sobral. Segundo ele, os índices acompanham o poder econômico do estado e, por isso, ocorrem com intensidade em lugares com população de mais alta renda.

Prejuízos
Os produtos comprados pela rede, muitas vezes a preços tentadores, nem sempre chegam à casa do consumidor. Esse é o caso mais típico de estelionato praticado em meio virtual. ;As falsas páginas de eletroeletrônicos colocam preços muito abaixo do que é cobrado no mercado. Fica fácil identificá-los porque, quase sempre, eles só aceitam pagamento por depósito. É preciso tomar cuidado também quando a pessoa está vendendo bens pessoais, normalmente em sites de leilão;, alerta o delegado Sílvio Cerqueira, da Dicat.

As vítimas acabam tendo prejuízos financeiros e muita dor de cabeça. A empresária Suzanne Mendonça, 48 anos, comprou quatro aparelhos de GPS pela internet no valor total de R$ 2 mil. Mas recebeu apenas dois equipamentos. Dentro das outras caixas havia pedras em vez dos aparelhos. ;A caixa maior com toda a encomenda veio lacrada, com a fita da empresa. Foi um absurdo, e eles não tiveram o menor interesse em sanar o problema;, reclama. Suzanne move uma ação judicial contra a responsável pela venda.

Os papéis, no entanto, podem se inverter. O economista João Oliveira, 60 anos, foi vítima de um estelionato pela internet. Ele vendeu uma filmadora de R$ 8 mil em uma página virtual. Enviou o aparelho para um comprador, no Rio de Janeiro, mas nunca recebeu pela transação. ;Depois, descobrimos que enviamos a câmera para uma casa aos cuidados de uma imobiliária. Quando o funcionário dos Correios chegou ao endereço, havia um rapaz do lado de fora, que pegou a encomenda, disse estar atrasado para o trabalho e foi embora.;