A história é antiga, mas o drama do atendimento em hospitais públicos é novo para cada paciente que deixa de ser atendido por falta de médicos nas emergências do Distrito Federal. Ontem, dezenas de pessoas se prejudicaram com a escassez de profissionais no Hospital Regional do Paranoá. Segundo relatos ouvidos pelo Correio, o fluxo de atendimento na emergência já não era bom no início da manhã. Por volta de 10h40, a chamada de novos pacientes simplesmente parou.
A fila não andou nem para idosos e gestantes. À tarde, apenas um dos três médicos que deveriam estar na unidade atendia o público. Os outros dois estavam de licença e não havia substitutos.
A frentista Clara Nunes Lopes da Silva, 25 anos, espera um filho e, por ser hipertensa, a gravidez é considerada de risco. Entre 8h50 e 18h, ela aguardou em vão na porta da emergência. Nem sequer a pressão foi aferida. "A gente não consegue nem falar com os diretores ou chefes de equipe. Estão sempre em uma reunião. Ninguém faz nada. É uma grande palhaçada", protestou.
Com a aposentada Maria Vitória da Silva, 65 anos, a história foi semelhante. Diabética e hipertensa, ela pretendia ser atendida para dar fim à tremedeira intensa nas mãos. "Isso não é coisa que se faça com seres humanos. Não tem mais para onde ir. Vou ficar esperando", revoltou-se.
A recepcionista do hospital, que preferiu não se identificar, confirmou que o quadro médico estava reduzido e completou dizendo que o único clínico geral disponível atendia casos prioritários, como, por exemplo, um presidiário supostamente baleado. Ela não soube dizer quantas pessoas formavam a lista de espera.
A reportagem procurou o chefe de equipe ou algum diretor do hospital para explicar os motivos dos transtornos na emergência, mas ninguém foi localizado.