Jornal Correio Braziliense

Cidades

GDF explica programa de redução de danos causados pelo crack

A Secretaria de Saúde convocou coletiva nesta quinta-feira (1;/9) para explicar a política de redução do danos do crack e de outras drogas, que mira os usuários em situação de vulnerabilidade extrema. O programa distribui cachimbos feitos de coco, protetores labiais, seringas e preservativos. No entanto, os itens, entregues por uma ONG financiada pelo Ministério da Saúde, não formam um kit: são dados de acordo com a necessidade de cada pessoa, segundo o coordenador DST/Aids da secretaria, Luiz Fernando Marques.

[SAIBAMAIS] "Entrega-se o cachimbo quando a situação é extremamente grave. Em vez de usar a lata, que machuca e provoca sangramentos capazes de transmitir doenças, essa pessoa passa a utilizar o cachimbo artesanal, feito de coco", explicou. Ele ainda esclareceu que o programa de redução de danos existe há 12 anos. "Ninguém está incentivando o uso de drogas", enfatizou.

Por meio dessa e de outras ações - como o lançamento, ontem (31/8), do Plano de Enfrentamento ao Crack e a outras Drogas -, a secretaria explicou que está criando mecanismos de se aproximar dos dependentes de drogas, tentando minimizar os riscos provocados por essas substâncias. Marques lembrou que, em 1994, mais de 70% dos usuários de drogas injetáveis tinham Aids e, atualmente, a doença afeta entre 5% e 7% da população.

Reconhecimento

Segundo a especialista Marcelle Figueira, pesquisadora em segurança pública da Universidade de Brasília (UnB), a distribuição de cachimbo e seringas não estimula as pessoas a usarem drogas.

"É uma postura de reconhecimento desses usuários. Por meio desses cachimbos e seringas, as pessoas podem adquirir outras doenças, como Aids e sífilis, e o custo de um paciente internado por essas doenças é muito maior aos cofres públicos", explicou.

A especialista ressaltou ainda que, na Holanda, já é feita a distribuição de canudos aos usuários de cocaína, para evitar que eles compartilhem o material.