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Desemprego no DF cai em julho e chega a 12,4% da população


A quantidade de pessoas batalhando um posto de trabalho diminuiu no Distrito Federal. O fenômeno, que intriga pesquisadores, ainda não tem explicação. Em julho de 2010, o percentual de desempregados no Distrito Federal era de 13,7%, ou seja, 193 mil pessoas. No mesmo mês deste ano, a proporção caiu para 12,4%, o correspondente a 173 mil indivíduos. Das 10 mil pessoas que deixaram de contar entre os desocupados, apenas mil foram absorvidas pelo mercado local. As 9 mil restantes deixaram de fazer parte da População Economicamente Ativa (PEA), termo usado para designar a parcela da população que está contratada ou no páreo por uma vaga.

Os dados foram divulgados ontem e fazem parte da Pesquisa de Emprego e Desemprego no DF (PED-DF), realizada pela Companhia de Desenvolvimento do Distrito Federal (Codeplan) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O estudo apontou que a tendência de redução da PEA a longo prazo foi verificada também em uma comparação mensal: entre junho e julho deste ano, 4 mil moradores de Brasília e regiões administrativas cessaram de procurar emprego. A queda da taxa de desemprego no período, de 0,3 ponto percentual, deveu-se à absorção de somente mil pessoas pela economia.

De acordo com o diretor de Gestão de Informações da Codeplan, o economista Júlio Miragaya, o órgão pretende constituir um grupo para averiguar o motivo do fenômeno. Uma hipótese levantada por ele é que a melhora real na renda das famílias brasileiras verificada nos últimos anos pode ter levado uma parcela da população a trocar o trabalho por outras atividades ; notadamente o estudo, seja para ingresso em um cargo público ou para aumento da qualificação.

;Por alguma razão, essas pessoas estão optando pela inatividade. Geralmente, isso aparece associado a um rendimento familiar maior. Nesses casos, as mulheres e os jovens podem aumentar o período de estudos. Existe apenas um problema nessa suposição: ela é contraditória à realidade verificada pela PED quanto ao rendimento;, explica, referindo-se ao fato de o ganho médio real dos trabalhadores ter recuado 3,6% entre junho de 2010 e o mesmo mês deste ano.

O economista destaca que, pelo fato de as razões que estão ocasionando o recuo da PEA serem desconhecidas, é difícil prever como a taxa de desemprego local se comportará nos próximos meses.

Capacitação
Apesar das incertezas, o resultado da PED-DF referente a julho foi comemorado pelo secretário de Trabalho do DF, Glauco Rojas. ;Além dos números mostrados pela pesquisa, sentimos que a cidade vai voltando a acreditar nela mesma, principalmente em função dos eventos esportivos que estão chegando;, afirmou, referindo-se às copas do Mundo de 2014 e das Confederações, em 2013.

O sociólogo e analista do Dieese Daniel Biagioni defendeu que as políticas para qualificação de jovens são as mais necessárias. ;Em julho, o desemprego entre a população de 16 a 24 anos ficou em 26,8%, e essas pessoas representam 45% da ocupação do DF. Os dados sinalizam que é fundamental capacitá-los;, disse.

Na lista dos segmentos que mais criaram postos de trabalho entre junho e julho deste ano, destacam-se construção civil (mil vagas, crescimento de 1,5%) e administração pública (2 mil vagas, crescimento de 1%). O serviço público conseguiu cravar um bom desempenho mensal apesar da política da União ; extensível aos governos estaduais ; de frear a realização de concursos públicos. A possibilidade mais plausível é que um contingente de trabalhadores está tomando posse em cargos de certames já concluídos (veja Três perguntas para).

Houve recuo na quantidade de postos de trabalho da indústria (menos 4 mil, queda de 8,3%). De acordo com Júlio Miragaya, o movimento acompanha desaceleração verificada no setor em âmbito nacional. ;Como no DF a indústria é pouco expressiva, não concentrando muitos trabalhadores, qualquer redução de contingente tem impacto;. Colaborou Julia Borba