Jornal Correio Braziliense

Cidades

Projeto em Planaltina ajuda jovens a fugir da violência por meio do esporte

Mais da metade dos crimes cometidos em Planaltina tem a participação de jovens entre 12 e 17 anos. Para conter o avanço da violência e mudar essa realidade, membros do 14; Batalhão de Polícia Militar (14; BPM) desenvolvem o Projeto Nossa Casa. Em vez de punir, eles querem educar por meio do esporte. ;Nosso maior objetivo não é formar grandes atletas, mas cidadãos de bem;, explicou o tenente Ladislau Neto, instrutor da escolinha de futebol da unidade.

Atualmente, quase mil meninos e meninas são beneficiados com o programa e passam boa parte do dia no quartel. Além de praticar uma atividade física, eles saem das ruas e têm uma nova perspectiva de vida.

Os jovens podem escolher entre diversas modalidades. Há aulas de futebol, artes marciais, capoeira, ginástica, hip-hop e dança de salão. O único requisito para participar do projeto é estar matriculado e frequentar a escola. Os policiais também acompanham o rendimento dos alunos no colégio. Quem estiver com as notas baixas pode fazer aulas de reforço, oferecidas no próprio batalhão. Todos os policiais são voluntários e dedicam-se aos alunos durante o período de folga. O material para as aulas vem de doações ou é comprado com o dinheiro dos voluntários. ;Buscamos parcerias porque precisamos de mais bolas, coletes, quimonos;, detalhou o coronel do 14; BPM Carlos Alberto.

Em breve, os organizadores do projeto desejam oferecer lanche aos jovens que frequentam o quartel. ;Falta logística, não temos espaço nem uma nutricionista para acompanhar o trabalho;, explicou o coronel. A iniciativa do batalhão começou em 1999, com o projeto Saia das Ruas. Os meninos em situação de risco faziam aulas de futebol na unidade. Com o passar do tempo e as trocas de comando, a ideia ganhou fôlego. Hoje, são oferecidas nove modalidades de esporte e dança para os integrantes do programa. ;O importante é que os policiais envolvidos no projeto vivem em Planaltina e conhecem bem a realidade da comunidade;, destacou Carlos Alberto.

Bons resultados
Na avaliação dos voluntários, o resultado do trabalho tem sido bastante positivo. ;Desde que o projeto começou, somente um menino voltou a se envolver com o crime;, contou o capitão Carlos Antero da Silva, instrutor de artes marciais. A iniciativa tem aprovação dos pais dos jovens.

Além do aprendizado esportivo, os meninos e meninas aprendem um pouco sobre hierarquia e disciplina do ambiente militar. ;Esses valores são importantes para que o aluno entenda que, em casa, ele também tem que respeitar os irmãos mais velhos e, principalmente, os pais;, lembrou . Os assistidos pelo projeto alçam voos cada vez mais altos. Em 2010, cinco deles participaram de uma competição de judô em Roraima e voltaram com medalhas. Neste ano, também saíram com medalhas do Campeonato Brasileiro de Judô, em Brasília.

O estudante Henrique Lima Medeiros, 11 anos, morador de Planaltina, começou a frequentar as aulas de karatê há pouco mais de um mês. Ele nunca havia feito nenhuma luta, mas decidiu se arriscar na modalidade. ;É melhor vir para cá do que ficar sem fazer nada em casa;, avaliou. Também morador de Planaltina, Jhonathan Henrique Tavares, 8, sonha ser um grande jogador de futebol. ;O futebol é o esporte de que mais gosto, vou sair daqui um craque;, almejou. Ele e o colega de turma Moedson Gonçalves Junior, 10 anos, praticam o esporte à tarde, no período contrário às aulas, e encontraram no projeto uma forma de ocupar o tempo que ficam longe da escola.

;É muito divertido vir para cá, sem contar que adoro futebol e vejo os jogos da minha casa quando dá;, comemorou o menino. Essa alegria move os voluntários a ampliar o projeto e atender cada vez mais jovens. ;Nosso objetivo é mostrar para o aluno outra realidade, outro papel da polícia. Queremos resgatar a confiança da sociedade e desses adolescentes que serão os adultos de amanhã;, concluiu o capitão Antero.

Como participar
Os interessados devem procurar a secretaria do Projeto Nossa Casa, localizada no 14; Batalhão, em Planaltina, ou pelos telefones 9369-6482 e 8448-5630, de segunda a sexta-feira, das 13h às 19h.