Como uma forma de encerrar a semana de arte moderna de forma lúdica, o Centro de Integração de Adolescentes de Planaltina (Ciap) decidiu realizar um festival de pipas. Os jovens em cumprimento de medida socioeducativa fizeram, eles mesmos, as pipas, além de produzir uma quantidade suficiente para distribuir entre as crianças que participaram do evento. Algo em torno de 500 pipas. O evento faz parte da programação mensal de comemoração dos 152 anos da cidade, prevista pela administração, e contou com a parceria da escola Classe 7 de Planaltina. Os alunos da escola foram presenteados com o produto feito pelos jovens para, às 15h, empinarem juntos, cada qual de um lado do muro da Ciap, suas pipas.
"A intenção foi mostrar que a pipa simboliza a liberdade, mas vem soldada com a corda da responsabilidade", contou a psicóloga da unidade, Ana Paula Ávila, que exerce atualmente o cargo de diretora substituta. Uma das propostas da Ciap é permitir a reintegração dos jovens. Segundo ela, os jovens puderam sentir-se parte de algo, que é o que significa a integração. "Os jovens que estão aqui são os mesmos jovens que estão lá fora em matéria de desejos, sonhos e vontades. É preciso acabar com o preconceito", afirmou.
Durante a semana cultural ocorreram apresentações musicais, rodas de poesia, dança e teatro, para citar algumas. De acordo com a funcionária, levar as crianças da escola constituiu uma iniciativa para unir o interno com o externo. Por uma questão de segurança, Ana Paula disse que os jovens aguardaram o momento de liberação para ir ao pátio que levou de 15h às 17h.
Como existem quatro módulos, onde moram, eles tiveram que dividir o evento em dois momentos. No total, são 84 jovens, o mais novo tem 15 e o mais velho 20. Ao atingir a maturidade, com 21 anos, o jovem sofre uma liberação compulsória. A partir desse momento, o acompanhamento provido dentro das dependências do Centro é descontinuado.
Fazem parte dos serviços oferecidos lá, oficinas profissionalizantes, acesso a esporte, cultura e lazer. A escola é atividade obrigatória e o acompanhamento é feito por psicólogos e assistentes sociais, com a frequência de pelo menos uma vez por semana.
Para a diretora substituta, foi possível notar que quando é dada uma oportunidade há a possibilidade de aumentar a autoestima do jovem. "Ele se sente novamente um adolescente, perde um pouco do estigma criado sobre ele mesmo", explicou.