Rio de Janeiro ; Tranquilo e nitidamente satisfeito, o arquiteto Oscar Niemeyer participou, na noite de terça-feira, do lançamento do livro As igrejas de Oscar Niemeyer, na Galeria Anna Maria Niemeyer, em um shopping da Zona Sul do Rio.
Nas páginas, há fotos e plantas de dezenas de projetos, entre catedrais, igrejas e capelas, elaborados por Niemeyer. Simultaneamente, foi lançada a décima edição da revista Nosso caminho, que presta homenagem ao também arquiteto Lelé, companheiro de Niemeyer em uma série de projetos realizados na capital federal.
Do alto dos seus 103 anos, o arquiteto ignorou a idade e não se incomodou com as mais de três horas de evento. A previsão era de que a festa de lançamento durasse das 19h às 21h30. No entanto, devido à grande procura pela nova publicação, a cerimônia se estendeu até as 22h30 ; já com as lojas do shopping fechadas. O arquiteto não parecia cansado e brindou os presentes com constantes demonstrações de simpatia e muitos sorrisos.
;Eu me identifiquei muito com a apresentação do Niemeyer. Sou comunista como ele. Mas o verdadeiro comunista é assim, respeitoso. Por isso, não é preciso ter crença para construir um projeto religioso. Basta saber que o belo é o belo;, disse a urbanista Dolores Bahia, que comprou o livro e fez questão de ficar até o fim do evento.
Convidados
Durante a festa, Niemeyer posou para fotos ao lado de familiares e admiradores. Quem compareceu só não conseguiu a honra de ter a obra assinada pelo arquiteto. ;Resolvemos não abusar, porque senão teríamos uma enorme fila e isso seria muito desgastante;, explicou Vera Lúcia, mulher de Niemeyer. ;Estamos bem felizes com o lançamento;, completou.
Entre imagens das construções, projeções, esboços e relatos da vida do arquiteto, estão os sete monumentos religiosos elaborados por ele em Brasília: a Capela Nossa Senhora da Alvorada, a Igreja Nossa Senhora de Fátima, a Capela do Palácio do Jaburu, a Igreja Apostólica Ortodoxa Antioquino de Brasília, a Catedral Santa Maria dos Militares Rainha da Paz, a Capela do Anexo IV da Câmara dos Deputados e a Catedral Metropolitana de Brasília.
Impressionada e empolgada, a arquiteta Jane Limeira afirmou que, mesmo se declarando ateu, ;o maior nome da arquitetura do país tem, sim, fé;. E completou: ;Só que ele a expressa de uma forma diferente. Eu já acho que essa arte dele vem de Deus;. Até o fim da noite, 75 exemplares do livro e da revista haviam sido vendidos.