Jornal Correio Braziliense

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Ônibus que causou a morte de três pessoas estava com vistoria vencida

Reflexo de uma frota sucateada. O acidente com um ônibus que resultou na morte de três pessoas na noite da última sexta-feira, em Sobradinho, estava com a vistoria vencida desde 19 de julho. O veículos, com 11 anos de uso, chegou a ser retirado de circulação no último dia 29. O carro da empresa Rápido Brasília, do Grupo Amaral, ainda voltou a ser vistoriado em 2 de agosto e foi reprovado após apresentar falhas que comprometiam a segurança dos passageiros. A última inspeção no coletivo foi feita exatamente na sexta-feira pelo Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans), que liberou o coletivo. Informações extraoficiais dão conta de que a barra de direção do veículo teria quebrado. O resultado da perícia ; que vai apontar se houve falha técnica ou humana ; deverá ficar pronto em 60 dias.

Em relação ao acidente e à última aprovação de circulação, o diretor-geral do DFTrans, Marco Antônio Campanella, não exclui a possibilidade de ter havido erro na avaliação das condições mecânicas do veículo. ;Não dá mais para continuar com essa frota velha. O risco de acidente é muito alto, mesmo após a vistoria;, disse. Campanella ainda admitiu que é preciso acelerar o processo de substituição dos ônibus do DF. ;Esse carro faz parte da frota excedente, autorizada a continuar circulando depois da última renovação. Não tivemos condições de tirá-los de circulação porque isso geraria um transtorno ainda maior para a população. O transporte ainda é muito caótico e reconhecemos que temos muito o que fazer;, destacou. Somente nos primeiros quatro meses do ano, o Disque 156 recebeu 5.075 queixas de usuários.

Tragédia
O acidente ocorreu por volta das 20h30. O motorista do ônibus, Wilson Augusto da Costa, 44 anos, fazia a primeira viagem da noite quando perdeu o controle do veículo, tentou desviar de pedestres que atravessavam em uma faixa e acabou atingindo um Corsa de placa JGU-5189/DF e uma moto, na Quadra 11, em frente ao prédio da Caesb. Para o delegado de plantão da 13; Delegacia de Polícia, Aramis Mantovani, o resultado da perícia feita no local é peça fundamental para explicar a dinâmica do acidente. Até lá, a Polícia Civil ouvirá outras testemunhas. Segundo Aramis, o condutor do coletivo afirmou ter escutado um estalo antes da colisão. ;Possivelmente, foi uma falha mecânica;, adiantou.

Wilson afirmou ao Correio que, até o momento da colisão, não havia nenhuma anormalidade no coletivo. ;Ouvi um estrondo, ele ficou instável e invadiu a pista contrária. Primeiro, acertou a moto, depois o pedestre e, em seguida, o carro de passeio, que ficou imprensado entre o ônibus e o muro;, detalhou. ;Eu estava a 48km/h numa via que é de 50km/h;, acrescentou. Nenhum representante do Grupo Amaral foi encontrado pela reportagem para comentar o acidente.

Em série de reportagens publicadas ao longo da última semana, o Correio mostrou as várias mazelas do transporte público da capital do país, entre elas, a superlotação, os assaltos e as constantes falhas mecânicas que deixam os passageiros na mão por muitas vezes. Para se ter ideia da qualidade dos veículos, dos quase 3 mil ônibus da frota do DF, 45% têm mais de sete anos de uso, a idade limite permitida por lei. Cerca de 800 deles têm mais de 10 anos de fabricação e seguem circulando e colocando em risco a vida dos usuários do sistema, de pedestres e motoristas de outros veículos.