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Moradores da Ceilândia destroem prédio que abrigava usuários de crack

Depois de esperar por três décadas por uma solução para um prédio abandonado que virou ponto de tráfico, refúgio de ladrões e moradia de mendigos, moradores da Qnn 18/20 da Guariroba, em Ceilândia Sul, decidiram resolver o problema sozinhos. Na manhã desse sábado, 30 homens se reuniram com marretas e martelos em mãos e começaram a derrubar as paredes do prédio de três andares ; conhecido na região como batcarverna. No começo da noite, pelo menos 20 deles continuavam o trabalho e já tinham derrubado quase todas as paredes do primeiro e segundo andares.

De acordo com Sidney Espíndola, prefeito comunitário de Ceilândia, a situação era crítica. "Nessa semana um rapaz quase morreu espancado aí dentro. Tem estupro, gente consumindo craque. Encontramos uma bolsa novinha no meio da sujeira, dos entulhos que deixam lá. Os ladrões roubam as casas e as pessoas e se escondem ali", relatou. Segundo Sidney, o prédio seria uma clínica médica, mas as obras pararam e logo depois um dos proprietários morreu. "Não sei se foi problema de herança, ou se a família que não quis dar continuidade. Mas como é um prédio particular, o governo diz que não pode derrubar. E quem sofre é a população. A nossa quadra está abandonada", reclamou a dona de casa Socorro dos Santos, 57 anos, moradora da quadra.

A ideia da derrubada das paredes surgiu depois que o administrador de Ceilândia prometeu, em um programa de tv, que resolveria o problema com urgência. "Passaram se meses e nada, então a comunidade se reuniu e decidiu se livrar do problema. Não vamos esperar alguém morrer por causa desse caos que virou a quadra, para ver se as autoridades tomam uma providência", afirmou Leonardo Júnior, 23 anos, estudante.

A atitude dos moradores, porém, não resolve a questão. "O prédio ainda tem um subsolo, e tem muito mendigo morando ali embaixo. Vai melhorar a situação, porque agora vai ter mais visibilidade, mas não resolver, não resolve. Precisamos que o governo derrube esse prédio", diz Emerson Rodrigues. A equipe de reportagem tentou entrar em contato com o administrador de Ceilândia, mas seu celular estava desligado.