A qualquer hora da manhã ou da tarde, não importa o dia da semana, quem passar pelo Calçadão da Asa Norte ; como foi batizado o novo espaço de lazer, formado por um píer à beira do Lago Paranoá, no fim da L2 Norte ; vai encontrar pescadores espalhados pela orla. O lugar, inaugurado em julho, já foi adotado pela comunidade. Além de pescar, os visitantes podem fazer caminhada, brincar no parquinho e tomar água de coco.
Mesmo assim, famílias inteiras se divertem no local, sem se preocupar com as falhas do espaço. As cenas vistas ali trazem um clima de beira de rio a Brasília. O técnico em refrigeração Augusto José Fernandes, 34 anos, morador do Recanto das Emas, aproveitou o domingo passado por lá com a família. A filha dele, Hiorrana, 3 anos, pescou vários peixes pequenos. Cada vez que um fisgava a isca, ela comemorava.
Para Augusto, esse espaço proporciona bons momentos em família, em contato com a natureza. ;Não sei de quem foi a ideia de criar esse lugar aqui, mas achei maravilhoso.; A família de Augusto leva para casa os peixes que pesca. O almoço está garantido. ;Tem peixe de todo tamanho aqui. A gente frita e come;, relatou o técnico, ao lado da mulher, a cabeleireira Marta Fernandes, 31 anos.
Reivindicações
O administrador Márcio José Sousa Paes, 33 anos, morador do Guará, também foi ao Calçadão no domingo passado. A meta era ensinar os filhos Antônio César, 4 anos, e André Luís, 1, a pescar. ;Ainda estamos no zero a zero, mas não tem importância. Estamos aqui pela diversão;, explicou. ;O único problema aqui é que, se a pessoa não ficar de olho, é ela quem é fisgada;, disse a mulher de Márcio, a turismóloga Cristiane da Silva, 32 anos, em alusão aos pescadores que jogam anzóis sem olhar à volta.
O bancário Vaine José de Souza, 50 anos, morador da 415 Norte, é outro que, nas manhãs de domingo, gosta de ir ao local para pescar. Depois da inauguração do Calçadão da Asa Norte, ele não precisa ir longe de casa. Sempre vai acompanhado dos filhos João Marcos, 7 anos, e Daniel, 14. ;Eles gostam muito desse momento em que ficamos juntos. Como tem muito peixe pequeno, a gente devolve a maioria para a água. Aqui é sempre muito movimentado, é divertido;, afirmou. Quando os meninos se cansam da pescaria, buscam outras opções de lazer, como o parquinho.
É preciso ter cuidado, porém. Alguns pescadores são inexperientes e lançam seus anzóis para cima e para trás sem cuidado, podendo acertar quem caminha. Não há bombeiros nem policiais por perto. A convivência pacífica fica a cargo do bom senso dos frequentadores. Além disso, faltam lixeiras para comportar o grande volume de resíduos produzidos ali. Também não há banheiros.
Os frequentadores fazem reivindicações ao governo. Eles querem que a madeira do chão seja impermeabilizada, para evitar que estrague com a chuva. Pedem também a instalação de mais lixeiras. ;As que temos aqui são muito pequenas, transbordam rapidamente. Vem gente fazer baderna aqui à noite e no outro dia, quando as famílias chegam, já está tudo sujo;, reclamou a dona de casa Elisa Lacerda, 52 anos, moradora da Asa Sul.
Para saber mais: acesso democratizado
O Calçadão da Asa Norte faz parte Projeto Orla, que pretende democratizar o acesso ao Lago Paranoá. A próxima construção será o calçadão da Asa Sul, próximo à Ponte das Garças. O espaço de lazer da Asa Norte tem 22 mil metros quadrados, no total, e 2km de extensão. Foi construído em madeira e concreto. A obra fica às margens do Lago Paranoá. Tem estacionamento para 100 carros, playground, equipamentos de ginástica, praças de convivência e pergolados.