Os recentes registros de apagões na cidade e a irritação dos consumidores com o serviço prestado pela Companhia Energética de Brasília (CEB) não foram levados em consideração no plano anual de reajuste da empresa. No próximo dia 26, entra em vigor uma nova tabela para estabelecer o preço da energia elétrica nas residências e no comércio do DF. No que depender da CEB, haverá um aumento médio de 8,4%. O índice foi apresentado à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que vai discutir o assunto em 23 de agosto.
Procurada pela reportagem, a CEB preferiu não comentar o assunto nem explicou os critérios utilizados para determinar o percentual sugerido ; acima da inflação medida nos últimos 12 meses pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), 6,87%, e praticamente igual à medição feita pelo Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), 8,35%. Por meio da assessoria de imprensa, a companhia informou apenas que vai aguardar o posicionamento final da agência reguladora. Enquanto isso, tendo em vista a qualidade do serviço, a população questiona um reajuste tão alto.
O vendedor Evandro Alves, 35 anos, mora no Paranoá e gasta cerca de R$ 90 com a conta de luz. ;A parte ruim é sempre a do consumidor. Ninguém pensa em desonerar ou cortar taxas, como a de iluminação pública. Em vez disso, é sempre um aumento;, reclama. ;Eu não estou tendo reajuste;, argumenta a servidora pública Helena Fernandes, 54. ;Falta luz direto e os técnicos levam muito tempo para restabelecer;, completa.
Segundo a Aneel, o pedido da distribuidora serve apenas para balizar a decisão sobre o reajuste a ser aplicado. Um outro levantamento, feito pela própria agência, será o principal instrumento para que a diretoria bata o martelo. Nesse cálculo, são levados em conta, por exemplo, a inflação do período, os custos de compra da energia e os gastos com transporte e encargos.
Qualidade abalada
Ontem, o Correio publicou reportagem apontando que as frequentes falhas no sistema de distribuição colocam a empresa entre as piores fornecedoras de eletricidade do país. Apenas no ano passado, foram registradas 1,8 milhão de ocorrências devido às interrupções de energia. Só no último fim de semana, cinco áreas foram afetadas por falhas na distribuição: Varjão, condomínios do Grande Colorado, Taguatinga e Águas Claras, além do Lago Norte, onde o problema perdurou por sete horas. Moradores lamentaram o ocorrido e comerciantes tiveram de fechar as portas mais cedo, sem condições de atender a clientela.
O diretor de Engenharia da CEB, Mauro Martinelli, admitiu que o sistema de distribuição da empresa está sobrecarregado pela falta de investimentos e que isso tem contribuído para a atual quantidade de apagões.
Balanço tarifário
2011 *8,6%
2010 10,79%
2009 9,52%
2008 - 7,3%
2007 - 3,22%
* Proposta da CEB
Fonte: Aneel