Jornal Correio Braziliense

Cidades

Violência aquece o mercado de segurança. Blindagem de carros está em alta


Carros populares blindados, identificação biométrica para abrir portas, filmadora para veículos que ajuda a coibir sequestros relâmpago. Todos esses produtos fazem parte de uma safra de soluções de segurança voltada para empresas mas que também atendem ao cidadão comum, preocupado com o avanço da criminalidade, e refém das falhas do Poder Público.

No Distrito Federal, que começa a se aproximar de outras regiões metropolitanas nos índices de violência, o interesse por artigos do tipo vem crescendo e abre espaço para um mercado promissor, mas restrito aos cidadãos de alta renda. Equipamentos e serviços nessa área exigem um alto investimento.

Lucilene Fernandes Soares, gerente comercial de uma empresa especializada em blindagem de veículos, conta que há oito anos, a média era de 12 atendimentos anuais entre blindagens individuais e de frotas. Hoje, os registros são de 36 e até 48 atendimentos anuais.

Lucilene diz que a maior parte dos interessados na blindagem são empresários. ;Às vezes, querem blindar uma frota, mas a maioria está interessada na segurança pessoal;, relata. Recentemente, um novo grupo de tem recorrido à solução no DF: os funcionários públicos. Outra curiosidade é que blindar carros populares tem se tornado uma prática comum, apesar de o serviço custar em torno de R$ 38 mil.

O empresário Carlos Alberto Damásio, 48 anos, procurou Lucilene para informar-se cuidadosamente sobre os custos e as vantagens de blindar um veículo. ;Quem mora em cidade grande mais cedo ou mais tarde tem que lidar com esse tipo de problema. Acho que você tem que tomar a providência antes de ser atacado;, opinou. Carlos Damásio foi um dos visitantes da Exposição de Produtos e Serviços para Segurança, evento que começou ontem e é o primeiro do gênero no DF. Até amanhã, último dia da feira, os realizadores esperam receber até 10 mil pessoas e movimentar R$ 1 bilhão em negócios.

Além dos carros blindados, outra atração foi o controle biométrico de acesso. Ele garante que a abertura de um closet ou de um cofre com joias seja possível apenas por meio da impressão digital do dono. Um sistema desses não sai por menos de R$ 2,5 mil. Vendido pela mesma empresa, um software de automação residencial permite o fechamento remoto de trancas e portões, até mesmo via smartphone, custa R$ 12 mil ou mais. ;É uma tecnologia italiana;, informa Carlos Eduardo Vieira Bontempo, gerente comercial.

Uma tecnologia que ainda não ganhou o mercado mas promete fazer sucesso é o equipamento acoplável por trás do retrovisor que filma a atividade dos motoristas. Hoje, tudo que ele pode fornecer é uma gravação do que ocorreu dentro do veículo por um período de quatro a cinco horas.

Mas daqui a três meses, quando for incrementado com internet 3G, poderá alertar familiares ou a polícia para ocorrências graves como acidentes ou sequestros relâmpago. Atualmente, o aparelho é vendido por R$ 2,1 mil.

Geólogo e colecionador de armas, Luiz Roberto Xavier, 45 anos, diz te que segurança é coisa séria. ;Do jeito que vai, não é brincadeira. Talvez eu compre um alarme de porta;, comentou.

Agressões
No DF, estatísticas e episódios recentes contribuem para que a população se interesse por soluções de seguerança. Um balanço da Polícia Civil mostra que um carro é roubado a cada hora. Na primeira quinzena de julho, um taxista foi assassinado após reagir a um assalto. Em junho, dois homens invadiram uma casa e mantiveram uma família refém por seis horas na 711 Sul. No mesmo mês, duas mulheres foram estupradas com intervalo de dias nas asas Norte e Sul.