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Bem localizada, Núcleo Bandeirante atrai cada vez mais moradores

Considerada uma das cidades mais bem localizadas do Distrito Federal, o Núcleo Bandeirante atrai cada vez mais moradores. A distância de 15 minutos do Plano Piloto e do Aeroporto Juscelino Kubitschek e aluguéis a preços mais acessíveis fazem do antigo loteamento do período da construção de Brasília (1956-1960) um grande centro em processo acelerado de valorização. A Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad) divulgada ontem pela Companhia de Planejamento (Codeplan) mostra que o crescimento atual do Núcleo Bandeirante é de 2,2% ao ano, com população de 26.086 habitantes ; o DF, por exemplo, tem taxa de 2,3%.

No entanto, o administrador da região, Elias Dias Carneiro, diz que o Núcleo Bandeirante não tem mais para onde crescer. Por isso, está cada vez mais difícil encontrar imóveis disponíveis e avisos de vendas. Entre as vantagens que ele listou para morar na área, o principal destaque é a tranquilidade. ;Nós não temos muitos casos de violência. Claro que existe a população de rua e os usuários de drogas, problema que precisa ser resolvido;, afirma o administrador.

Embora morar no Núcleo Bandeirante ainda tenha muitas vantagens, a população há alguns anos já esbarra com problemas no trânsito. O investimento na infraestrutura da cidade não acompanhou o crescimento e, hoje, o fluxo de veículos tem sido um dos principais tormentos de quem trabalha em Brasília ou até mesmo em cidades próximas. ;Eu moro no Riacho Fundo e consigo chegar ao Núcleo Bandeirante em sete minutos se não tiver trânsito, mas no horário de pico, das 7h às 8h30, eu passo até 40 minutos para sair do congestionamento na rodovia e entrar na cidade;, reclamou o motorista Wilson Melo, 66 anos.

A Estrada Parque Núcleo Bandeirante (EPNB) é a principal via de acesso a Park Way, Riacho Fundo e Recanto das Emas, mas o fluxo de cidades como Gama e Candangolândia faz a pista pequena para a quantidade de veículos. ;Estão construindo um viaduto e acho que, com ele, a situação deve melhorar porque vai separar mais os carros dos ônibus;, acredita Ana Paula Nunes, 26 anos. Ela trabalha no setor de Recursos Humanos de uma empresa na Asa Sul e quase todos os dias enfrenta trânsito lento na entrada do Núcleo Bandeirante, onde mora. ;Partindo da Candangolândia, eu poderia fazer o percurso em seis minutos, mas costumo demorar de 15 a 20 minutos;, disse. Segundo a Pdad, 66,6% dos domicílios do Núcleo Bandeirante têm pelo menos um automóvel na garagem e outros 16% utilizam a bicicleta como meio de locomoção. O sistema de transporte ineficiente é citado pelos moradores como um agravante do caos viário.

O economista e diretor da Codeplan, Júlio Miragaya, mostrou-se preocupado com o crescente número de carros no Núcleo Bandeirante e a falta de ciclovias. ;Seria muito interessante para os moradores ter uma opção alternativa para percorrer pequenas distâncias, uma vez que o centro possui um comércio tão forte. O trânsito nos horários de pico por ali é realmente preocupante.;

Emprego
A atividade comercial no Núcleo Bandeirante, muito marcante no início da construção de Brasília, continua sendo uma forte característica. A pesquisa mostra que 32,9% da população da região administrativa atua no comércio e 19,5%, no funcionalismo público. O aspecto econômico atrai compradores de fora e gera emprego. Moradora do Riacho Fundo I, Esther Almeida, 45 anos, deixou o serviço em um shopping há cinco anos para ser gerente de loja de roupas e sapatos no Núcleo Bandeirante. ;Aqui, a gente tem muito sossego e os preços são mais acessíveis por causa da concorrência. A maior clientela vem do Park Way, mas as pessoas daqui também compram bastante;, destacou a gerente, que atende de 10 a 12 clientes por dia.

Em relação ao grau de instrução dos moradores, a pesquisa mostra predominância do ensino médio completo em 26,3% da população e 19,5% tem ensino superior completo. A renda mensal da população é, em média, de 8,3 salários mínimos por domicílio. Os dados do levantamento mostram que 44,1% dos moradores trabalham no Plano Piloto.

A Pdad ainda verificou que 45,8% dos moradores são naturais do DF. O restante veio de estados do Nordeste (37%), além de Minas Gerais (17,8%) e Goiás (13,5%). As mulheres são maioria no Núcleo Bandeirante, representando 55,9% da população. A pesquisa da Codeplan detectou que 16,4% tem mais de 60 anos, ficando acima da média do DF, que é de 7,4%.

Para o cearense Cícero Coelho de Souza, 60, a cidade oferece qualidade de vida. ;Aqui, não tem muita bandidagem e a gente vive tranquilo. A minha esperança é de chegar aos 80 e tantos anos;, brincou. Em uma mesa montada embaixo de uma árvore, o pioneiro Arceno Morilha, 74, passa o tempo com os amigos entre uma e outra rodada de dominó. Ele chegou de São Paulo, em 1956, para trabalhar como motorista na capital do país e se instalou no Núcleo Bandeirante quando a área da cidade ainda estava sendo desmatada. ;Aqui, é um lugar maravilhoso de se morar. Não tomo comprimido e remédio nenhum, se eu viver até os 80 anos eu já estou feliz. Agora é só pescar e curtir;, disse.

Há sete anos, menos brasilienses
O Núcleo Bandeirante é a 13; cidade analisada pela Codeplan este ano. A primeira Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad) foi realizada em 2004. Nela, teve destaque a formação da população do Núcleo Bandeirante: do total de 22.688 habitantes, a Codeplan registrou cerca de 40% já nascidos no DF, seguido por 31,6% de nordestinos. Em relação à escolaridade, 31,4% tinham o segundo grau completo; 9,2%, o primeiro grau; e 4,4% das crianças menores de sete anos estavam fora da escola.