A ansiedade tomou conta do Lar dos Velhinhos Bezerra de Menezes, em Sobradinho. A um dia da realização do evento mais tradicional da entidade filantrópica ; o Arraiá do Bezerra ;, os 58 idosos que vivem na casa já se preparam para tirar os trajes caipiras dos armários e se vestir a caráter nos dois dias da animada festa julina, que ocorrerá amanhã e no domingo. A sexta edição do arraial contará com atrações de peso, como as duplas sertanejas Bruno e Matheus e Jessé e Josué, ambas pela primeira vez no evento. Além deles, outros grupos ; Banda Jenipapo, Mestre Zé do Pife e Juvelinas, as quadrilhas Filhos do Sol e Colo de Menina, Martinha do Coco e o bumba-meu-boi do Mestre Teodoro ; também animarão a cerimônia em dose dupla. Os músicos não cobraram cachê para participar da festa.
Os preparativos já estão quase prontos. Como de costume, não vão faltar bandeirinhas, balões, barracas de comidas típicas, quadrilha, música sertaneja, forró e brincadeiras. Toda a estrutura da festa ; cercamento, iluminação, som, banheiros químicos ; foi montada graças às inúmeras doações da comunidade, parceiros e colaboradores, como o Correio Solidário. Aí se incluem os vestidos de modelito rural que algumas senhoras do lar usarão na festança. ;Mesmo com as várias dificuldades financeiras que enfrentamos, nós não deixamos de fazer a festa;, destacou a presidente do Lar dos Velhinhos, Inês Miranda.
Nos primeiros anos, o evento era voltado apenas para os moradores do lar, mas, após algumas edições, a comunidade passou a poder participar. ;Antes, era para entreter apenas os idosos. Hoje, a gente vê a comunidade se mobilizando para que tudo dê certo;, lembrou Inês.
Sorrisos e muita alegria são bem-vindos nos dois dias de festa. Bebidas não são liberadas no Arraiá do Bezerra. ;É uma cerimônia familiar mesmo;, explicou a presidente do Lar. ;Não vendemos bebidas alcoólicas. As pessoas vêm para cá para se divertir e comer.;
Para não quebrar o rito e conservar uma das tradições do Arraiá do Bezerra, parte dos idosos se unirá, no domingo, para formar uma quadrilha cujos integrantes, na maioria, são moradores do lar. Nada de ensaios; toda a dança é à base da improvisação. A ideia tem dado certo nos últimos anos. Até mesmo os cadeirantes entram na folia.
Os pares só são escolhidos na hora, mas a medida não impede que alguns já tenham em mente as pessoas com quem desejam dançar. É o caso de Leopoldino Cizilo da Trindade, mais conhecido por Leopoldo, baiano de Coribe. Aos 82 anos, ele tem mais disposição do que muitos jovens. Mesmo com as pernas fracas e valendo-se da ajuda de uma bengala para se locomover, ele fará parte da quadrilha. ;Será uma festa esquisita de boa. Vou paquerar muito;, brinca.
Com o Arraiá do Bezerra, parte do passado dos moradores do lar é relembrada. A maranhense Zenith de Maria Gonçalves da Silva, 71 anos, é uma das pessoas que têm muitas histórias para contar. ;Eu me recordo da época em que morava em São Luís. Tinha muitas festas desse tipo lá.; Zenith se mostra bastante animada para integrar a quadrilha da entidade: ;Adoro dançar. E se algum homem me chamar para dançar, eu vou;.
Assim como a maranhense, Aldira Rodrigues Dutra, 90 anos, não se controla de tanto entusiasmo com a proximidade do arraial. Vaidosa, ela faz questão de manter a maquiagem como parte importante de sua produção para o evento. Batom vermelho, bastante rouge (blush) nas bochechas e pintas de mentira. ;Eu quero me emperequetar mesmo;, anunciou Aldira, que participou de todas as edições do evento.
Enquanto alguns dos idosos estão ansiosos para se produzir a caráter e cansar os pés de tanto dançar, Vicentina Bernardes, 89 anos, só quer saber de comer: ;O que eu mais gosto é da comida típica. Como qualquer uma;. O mesmo vale para a baiana Maria Valéria dos Santos, cinco anos mais nova que Vicentina. ;Meu negócio é com a comida nordestina;, deixou claro.
Solidariedade
Criado em 21 de março de 1981, o Lar dos Velhinhos Bezerra de Menezes é uma entidade filantrópica. Atualmente, atende 58 idosos em longa permanência na casa. Alguns, excluídos da sociedade, não têm condições para se sustentar. Todos os benefícios proporcionados aos velhinhos só chegam à instituição graças à colaboração de pessoas físicas, empresas, grupos de voluntários e instituições públicas.
Há 12 anos à frente da casa, a administradora e assistente social Inês Miranda luta, ao lado dos outros 35 funcionários, para que o conforto chegue aos moradores do abrigo. O que mais preocupa Inês é a falta de voluntários que se dispõem a ajudar. ;O problema é que contamos com poucos voluntários. Mas a comunidade nos ajuda bastante;, diz ela.
Com a colaboração do Correio Solidário, o lar conseguiu montar uma lavanderia. Para este ano, está prevista a reforma do jardim interno do local. ;O projeto tem sido um apoio importante para nós. É o terceiro ano em que somos ajudados pelo programa;, destacou a presidente do abrigo, Inês Miranda.
Causa justa
Em números, hoje o Correio Solidário atende 14 instituições no Distrito Federal, beneficiando mais de 3 mil crianças de até 6 anos.
A transferência dos recursos para os beneficiados é acompanhada
de perto por responsáveis pelo programa.
Programação
Sábado, a partir das 19h
Shows com Brunno e Matheus, Zé do Pife e as Juvelinas, Banda Jenipapo e apresentação da quadrilha Filhos do Sol.
Domingo, a partir das 16h
Apresentação da quadrilha dos idosos, shows de Martinha do Coco, Jessé e Josué e apresentação dos grupos Quadrilha Colo de Menina e Bumba meu boi do Mestre Teodoro.
Local: Estacionamento externo do Lar dos Velhinhos Bezerra de Menezes
Endereço: Quadra 14, Área Especial 1, próximo à Rodoviária de Sobradinho
Informações: 3591-3039/3387-4027
* Ingressos ao preço simbólico de R$ 3. Crianças menores de 5 anos não pagam.
Como ajudar
O Lar dos Idosos Bezerra de Menezes sempre precisa de alimentos perecíveis, material de limpeza e de construção, roupas, móveis, eletrodomésticos.
Voluntários também são sempre bem-vindos. Telefone: 3591-3039. Doações em dinheiro podem ser feitas por depósitos na Agência 1226-2 do Banco do Brasil, Conta-corrente n; 90.697-2 , CNPJ n; 000.627.927/0001-56; Razão Social: Obras Assistenciais Centro Espírita Irmão Jorge.