Um casal de músicos escolheu o Morro da Capelinha, em Planaltina, para oficializar uma relação de 15 anos. Zilneide Mendes Siqueira Alves Machado, 41 anos ; conhecida como Zila ;, e Jorge Alves Machado, 45, deverão trocar as alianças no dia 30 deste mês na presença de 80 convidados. Se tudo der certo, este será o terceiro casamento inusitado realizado na capital federal em menos de dois meses. Em 15 de junho, Glycia Maria Farias Fernandes, 31, e Pablo Monteiro, 29, casaram-se no Taguatinga Shopping em meio às lojas e a centenas de compradores. Três dias depois, a rampa de acesso ao Congresso Nacional foi palco para a celebração da união de Jackson Domenico, 37, e Nádia Santolli, 30. O Senado autorizou o ato religioso, mas sem direito à colocação de cadeiras no local. O evento reuniu 400 convidados e chamou a atenção de diversos curiosos pelo feito inusitado.
Um pastor abençoará o matrimônio de Zila e Jorge no Morro da Capelinha, onde todos os anos é realizada a via-sacra da Igreja Católica. O cenário foi escolhido após Zila ter sido internada às pressas e passar três dias entre a vida e a morte em um leito da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital do DF. A professora de canto estava prestes a desistir do casamento ; realizado apenas no civil há mais de uma década ; com Jorge.
;O Morro da Capelinha simboliza a morte e a ressurreição de Cristo e por isso escolhemos nos casar lá. Vivemos a morte de um casamento, mas depois da internação, vivi uma experiência espiritual maravilhosa e me apaixonei por um homem que eu conheço há 15 anos. Eu e meu marido resolvemos não abrir mão do amor;, explicou Zila.
A cerimônia começou a ser organizada há cerca de um mês. A recepção, a decoração e a festa serão simples, mas cheias de romantismo e originalidade. A noiva chegará à capela com um vestido pérola, casquete na cabeça e, nas mãos, um buquê de papel vegetal. A entrada promete emocionar os convidados. Zila cantará músicas de amor para o noivo e ele repetirá o gesto em seguida. O primeiro ensaio ocorreu na última quinta-feira, quando o casal tocou e cantou a canção Eu não existo sem você, dos compositores Tom e Vinícius. Com sorriso largo no rosto e voz aveludada, Zila era puro charme e o futuro marido não escondia o orgulho, com olhares de carinho e admiração.
Para utilizar o Morro da Capelinha, o casal teve de pedir autorização à Administração Regional de Planaltina, mas segurança, instalação de banheiros e limpeza ficaram a cargo dos noivos. Para que nada dê errado, os amigos do casal têm se desdobrado. O casamento será das 10h às 15h e algumas tendas serão montadas para proteger os convidados do sol. Os noivos decidiram fazer um almoço com pratos típicos da região onde eles nasceram. Ela é brasiliense, de Sobradinho, e ele, carioca. Amiga do casal há mais de cinco anos, a design Carmem Santiago, 35, se encarregou de ornamentar o espaço. ;Nunca fiz decoração de festas, apenas de teatro, mas quando me chamaram eu topei na hora. Não conhecia o Morro da Capelinha e fiquei encantada, porque a vista é maravilhosa. Tenho certeza que tudo vai dar certo. O amor deles é um conto de fadas e só isso é suficiente;, elogiou.
O sonho de Jorge e Zila é de um futuro feliz e filhos. ;A gente está numa fase muito boa. Há muito tempo eu não me sentia tão apaixonado por uma mulher. Daqui para a frente, vamos ser, além de um casal para a sociedade, mais uma família de verdade, onde cada projeto agora será encabeçado pelos dois;, disse Jorge. Assim seja.
Tradições
Casar na igreja de véu e grinalda ainda é o sonho de muitos noivos. Mas algumas restrições impostas pela igreja quanto aos trajes e à escolha de músicas têm feito muita gente preferir uma cerimônia fora do ambiente religioso. Matrimônios no campo, na praia e em locais inimagináveis têm se tornado cada vez mais comuns e ficado para a posteridade. Em Brasília, casar-se em locais diferentes requer autorização da administração regional da cidade, mas se o espaço foi um ponto turístico, de celebração religiosa, monumento ou shopping é preciso procurar o órgão, setor ou administração específicos. Em alguns casos, poderá haver restrição quanto ao número de pessoas, à colocação de cadeiras e à realização de festa após a cerimônia. A limpeza e a segurança ficam, normalmente, por conta dos noivos.
Só no mês passado, dois casamentos dessa natureza chamaram a atenção da comunidade. O primeiro foi no Taguatinga Shopping. A contadora Glycia Maria Farias Fernandes, 31 anos, inscreveu-se em uma promoção da Fashion Noivas e Festa e foi sorteada. Ela e o marido, Pablo Monteiro, 29, ganharam toda a festa, incluídos vestuário, salão de beleza, decoração e tudo o que uma cerimônia exige. Para os recém-casados, a celebração não poderia ser melhor. ;Nunca passou pela minha cabeça casar-me em um shopping. Imaginava uma cerimônia tradicional com toda a pompa de casamento, mas de repente surgiu a promoção e tudo foi inesquecível. Só iríamos nos casar em setembro, mas no civil. Não faço ideia de quanto custou meu casamento, mas com certeza economizei, por baixo, uns R$ 60 mil;, analisou Glycia, que por onde passa é reconhecida e chamada de ;a menina que se casou no shopping;. Quanto às críticas, o casal não se importou. ;Houve prós e contras. Falaram que casamento fora da igreja é ridículo, mas acho que as pessoas que fazem um comentário desses não devem ser felizes;, analisa Pablo.
Congresso Nacional
Acima de um casamento institucionalizado está o amor entre os noivos. É o que pensam Jackson Domenico, 37 anos, e Nádia Santolli, 30. Eles se casaram no gramado de acesso à rampa do Congresso Nacional, onde são tomadas as mais importantes decisões políticas do país. O ato inusitado atraiu olhares de pelo menos 400 pessoas, entre convidados, curiosos e os flashes de jornalistas. ;Ficou uma cena de filme. Acabou saindo melhor do que se fosse meticulosamente programado;, disse Jackson. Para Nádia, o local escolhido não foi impedimento para ter o casamento abençoado. ;O respeito, a fidelidade e o amor entre o casal são características de uma união abençoada. Mais que uma placa de igreja é a nossa disposição de fazer o outro feliz;, acredita.
Quase um mês após o casório, Nádia e Jackson ainda recebem mensagens de felicitação. ;Todos os nossos amigos do Brasil e do exterior participaram. Escolhemos o Congresso Nacional porque ele representa a liberdade e traduz a expressão da fé nos nossos dirigentes;, explicou Jackson. A notícia de outros casamentos diferentes animou Nádia. ;O que vale é a sinceridade do coração. Ainda quero ver um casamento na Ponte JK;, brincou. Se isso acontecer, será, literalmente, de parar o trânsito.
Adorno em moda
Casquete é um acessório usado para enfeitar o cabelo ; uma tendência nos dias atuais, pode ser feito de flores, papel, penas, com fivelas e outros materiais. Existem diversos modelos que acabam dando harme e beleza às mulheres nas festas ou mesmo no dia a dia.