Jornal Correio Braziliense

Cidades

Uma semana de puro inglês para 25 jovens brasileiros

Não se surpreenda se um grupo de 25 jovens passar por você nas ruas de Brasília falando inglês. Também não estranhe o fato de que todos eles são brasileiros. Eles vêm de diversas partes do Brasil e são parte dos 110 estudantes de escolas públicas que chegaram às semifinais do Programa Jovens Embaixadores (leia Para saber mais), desenvolvido pela Embaixada dos Estados Unidos no Brasil. Apesar de não terem sido selecionados para fazer o intercâmbio de três semanas em solo americano, os jovens participam de uma semana de imersão na língua inglesa, na qual tem a oportunidade de praticar o idioma e conhecer mais a cultura e a história dos Estados Unidos. Disputaram essas vagas cerca de 6,4 mil candidatos.

Os 25 adolescentes chegaram ontem a Brasília e foram recebidos no melhor estilo americano. Antecipando a data de hoje, dia da Independência daquele país, a embaixada ofereceu um piquenique com comidas típicas e atividades esportivas e culturais características da nação atualmente presidida por Barack Obama. O cicerone da festa era o embaixador Thomas Shannon. Ele acredita que o programa é fundamental para o estreitamento de laços entre os países. ;É uma maneira de construir vínculos entre os Estados Unidos e o Brasil, especialmente para jovens brasileiros que têm interesse de aprender inglês e um pouco da nossa cultura. Para nós, é uma excelente oportunidade de explicar quem somos e a maneira com a qual queremos construir uma relação para o século 21 com o Brasil;, defende.

O projeto de Jovens Embaixadores começou no Brasil e foi tão bem recebido pelo Departamento de Estado americano que se tornou modelo para a atuação diplomática em outros 25 países. ;Prova disso é que, no ano passado, os 35 intercambistas foram recebidos pela primeira-dama, Michelle Obama. Este ano, foi a vez da secretária de Estado, Hillary Clinton, encontrar o grupo;, conta a assessora cultural da embaixada, Márcia Mizuno. Além de conviverem com americanos, os jovens embaixadores fazem palestras sobre o Brasil nas cidades onde moram por duas semanas, depois de visitar a capital Washington. No programa de imersão, a ideia é aumentar a desenvoltura em língua estrangeira entre os participantes. ;Daqui a uma semana, certamente eles estarão falando um inglês melhor;, projeta John Matel, conselheiro para assuntos de Imprensa, Educação e Cultura da representação diplomática.

Orgulho dos pais
Gratidão é uma palavra que encontrou expressão no rosto da jovem Jéssica Sousa Alves da Silva, 18 anos, moradora de Planaltina de Goiás. ;Sou muito grata por estar aqui. Lutei muito por essa chance e, quando as boas chances aparecem, você não pode deixar escapar;, diz. A adolescente começou a estudar inglês no Centro Interescolar de Línguas (CIL) do Gama e acreditou no conselho dos pais quando lhe garantiram que tudo na vida se consegue com o estudo. ;Eles estão muito orgulhosos. Valeu todo o esforço que eles fizeram;, afirma. Foi por uma matéria do Correio que Jéssica, estudante do Centro de Ensino Médio 2 do Gama, descobriu o programa da embaixada. O sonho de ser diplomata está, segundo ela, mais perto com a chance de participar da imersão. ;Conheci o embaixador dos Estados Unidos! E também adidos, conselheiros. É uma porta para outras oportunidades;, acredita.

Um dos critérios de seleção mais importantes é se os candidatos desenvolvem trabalhos voluntários e de cunho social na comunidade onde vivem. O mineiro Lucas Soares, 17 anos, sempre que pode faz tradução simultânea voluntária para igrejas em Montes Claros (MG), onde vive, e nas cidades vizinhas. Neste ano, ele participa pela segunda vez do programa de imersão e atribui ao intensivo a desenvoltura que tem com o inglês. ;Acho que é uma chance e também um reconhecimento de que temos talento;, observa. Nos próximos dias, ele e seus colegas terão palestras, aulas e visitas nas quais somente falarão o idioma. ;É como se você estivesse morando fora. Ao sair daqui, você adquire experiência e crédito;, explica. A ideia de Lucas é difundir o que aprendeu. Ele quer voltar para Minas Gerais e dar aulas de inglês sem custo.

Segundo lugar
Brunella Brunelli mora ;no interior do interior do Espírito Santo;, como ela mesma descreve. Santa Justa é uma pequenina cidade dentro de Castelo, município capixaba de aproximadamente 35 mil habitantes, e é lá que a família da estudante de 16 anos mora. Esta é a primeira vez que ela participa do programa de imersão. Brunella chegou a disputar a 36; vaga para o intercâmbio nos Estados Unidos. A decisão ficaria a cargo dos telespectadores do programa Caldeirão do Huck, mas o vídeo feito por ela ficou em segundo lugar. Sem desanimar, Brunella desembarcou em Brasília. ;É uma grande oportunidade. Acho que isso vai me abrir muitas portas, tanto profissionalmente quanto socialmente. Espero ter maior incursão na língua e na cultura americanas;, contou.

Um dos parceiros mais importantes da embaixada é a Casa Thomas Jefferson, centro de ensino de inglês. A diretora da instituição, Ana Maria Assumpção, garantiu que bolsas de estudo integrais serão ofertadas para os estudantes que decidirem voltar a Brasília para cursar a faculdade. ;É um estímulo a mais para o ensino do inglês. Ficamos muito felizes de participar do projeto;, concluiu.