Jornal Correio Braziliense

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Fiscais do trabalho interditam obra insegura na Ceilândia


Um canteiro de obras com condições inadequadas de segurança foi embargado na manhã de ontem pela Superintendência Regional do Trabalho no Distrito Federal. O canteiro, situado em Ceilândia, no Conjunto O da QNN 23, apareceu em reportagem publicada ontem pelo Correio sobre acidentes de trabalho na construção civil. O local empregava funcionários que trabalhavam sem capacetes, cintos de segurança e uniformes. Além disso, os pavimentos sem paredes não tinham estruturas de contenção e não havia anteparo para evitar que materiais utilizados na obra caíssem e atingissem os passantes.

A Superintendência Regional, vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), informou que o embargo só será retirado quando todas as irregularidades encontradas forem sanadas. Além dos problemas relativos à segurança dos trabalhadores, o órgão constatou que quatro operários encontrados no local no momento da fiscalização não tinham carteira assinada e que o canteiro não dispõe de banheiros.

Além de ter sido obrigado a interromper os trabalhos no canteiro, o proprietário, Danilton Elias da Silva, foi autuado. Ele pode receber multa com valor a ser determinado pelo superintendente regional do Trabalho no DF, Jackson Machado. Danilton Silva não foi encontrado para comentar a interdição da obra.

Jackson Machado informou que os fiscais do trabalho atuam segundo um cronograma de visitas e não soube informar quando outros canteiros com problemas de segurança mostrados na matéria serão visitados. De acordo com ele, operações do tipo costumam ser sigilosas.

De janeiro a junho deste ano, sete operários da construção civil morreram em acidentes de trabalho, seis no Distrito Federal e um em Valparaíso, cidade do Entorno a 30 quilômetros de Brasília. O número supera os registros de mortes de todo o ano de 2010, quando aconteceram seis óbitos.

O Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil e Mobiliário do DF (STICM) reclama que há muitas obras clandestinas e muitas empresas não respeitam as normas de segurança. A entidade queixa-se que há poucos auditores do MTE ; são 19 para fiscalizar todo o DF ; e cobra que 270 aprovados em concurso sejam chamados. A Superintendência Regional do Trabalho reconhece que a demanda por fiscalização cresceu com o avanço da construção civil, mas alega que a demanda está sendo suprida com o aumento de operações de vigilância.