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Explosão de caixa vira rotina no DF e Entorno

O crime que se tornou comum na Grande São Paulo avança com intensidade na capital do país e arredores. Apenas neste mês, bandidos assaltaram e danificaram quatro caixas eletrônicos no Gama e Entorno do DF (leia Memória). Existe a suspeita de que o mesmo grupo tenha cometido os quatro crimes. O caso mais recente ocorreu na Prefeitura do Novo Gama (GO), a 46 km de Brasília, na madrugada de ontem. Os criminosos invadiram o prédio e explodiram o equipamento. Até o fim da noite, a polícia goiana não tinha estimativa da quantia em dinheiro levada, muito menos suspeitos.

No momento da explosão, havia apenas um vigilante na guarita de entrada da prefeitura. Como há uma câmera de monitoramento na frente do prédio, os ladrões optaram por arrombar a porta dos fundos, por volta das 2h30. Eles atravessaram o corredor dos gabinetes e chegaram ao hall em que fica o aparelho. Usaram explosivos para arrombá-lo. Fugiram pouco depois do estrondo e ainda deixaram muitas cédulas nas três bandejas de dinheiro do caixa. Policiais militares abordaram um suspeito, ainda na madrugada, mas o liberaram por falta de provas. A equipe encontrou, em outro ponto da cidade, uma sacola com luvas.

O aumento de episódios como o do Novo Gama coloca o DF e Entorno em uma escalada que se assemelha à realidade das cidades paulistas, muitas delas tidas como redutos de violência crescente. Somente ontem, também pela madrugada, criminosos explodiram cinco caixas eletrônicos em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo. Os equipamentos arrombados ficavam em supermercados.

Alvos dos bandidos paulistas, as máquinas têm um mecanismo que, após o arrombamento, mancha as cédulas de tinta com o objetivo de inutilizá-las. O caixa eletrônico da Prefeitura do Novo Gama não tinha o mesmo dispositivo e, apesar dos destroços espalhados pelo chão e das marcas no teto, o dinheiro não foi danificado. O equipamento comporta R$ 126 mil e, de acordo com a empresa seguradora da quantia, havia sido abastecido pela última vez há 10 dias.

O comandante do batalhão da Polícia Militar no município, coronel Marques Nunes de Azevedo, afirmou ser cedo para estimar o prejuízo financeiro. ;As bandejas do caixa estavam com dinheiro. Pode ser que tenham levado pouco ou nem mesmo tenham levado algo;, afirmou, na tarde de ontem. ;Esse caso foi mais amador do que os anteriores. Havia cheiro de pólvora no local. Mas não se pode descartar que haja ligação entre os crimes;, completou.

A perícia da Polícia Civil vai ajudar a investigação do assalto, a cargo do Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) de Céu Azul. Segundo os agentes da unidade, porém, as investigações só começam de fato na segunda-feira, após o feriado prolongado, o que, mais uma vez, demonstra a precariedade da polícia goiana. ;Temos trabalhado a iluminação de becos da cidade. Há também 28 câmeras que garantem a segurança;, afirmou o prefeito do Novo Gama, João de Assis Pacífico.

Carência
O aumento dos assaltos decorre da insegurança nas ruas. O secretário do Entorno, bispo Renato Andrade, acredita que, como os casos ocorreram em cidades próximas, a explicação é a deficiência no policiamento. ;A carência de policiais no Entorno é grande e faz com que o marginal cometa os crimes lá;, avaliou. Segundo ele, nas próximas semanas, haverá reuniões com os comandos das corporações de Goiás e do DF para definir meios de que ambas passem a agir de maneira integrada.

As explosões de caixas eletrônicos podem ultrapassar os limites do Entorno. O especialista em segurança pública Roberto Aguiar acredita que os equipamentos são vulneráveis e que os roubos tendem a aumentar. ;A vigilância aos postos de retirada de dinheiro não é exercida e o desenvolvimento eletrônico de ataques é muito maior entre os bandidos do que os meios de defesa das instituições. Os criminosos podem agir no centro de Brasília, em qualquer lugar;, avaliou.

Colaborou Marco Prates