A procura pelo Instituto de Defesa do Consumidor (Procon) para denúncias ou consultas no Distrito Federal é menor entre jovens e idosos. Para especialistas, o baixo percentual de busca por auxílio na hora de resolver pendências entre a população de até 20 anos e maior de 61 não mostra que há desinteresse acentuado nessas faixas etárias. O que falta é informação para acessar os instrumentos disponíveis e ferramentas voltadas especificamente para esse público. Um balanço sobre o atendimento na entidade de defesa do DF nos últimos seis meses, publicado com exclusividade pelo Correio, indica não apenas o perfil dos reclamantes, mas também a manutenção das empresas de telefonia, instituições financeiras e grandes redes varejistas como as que concentraram o maior número de problemas.
Ao comparar a relação das 10 companhias mais denunciadas pelos clientes no Procon este ano com o ranking de 2010, seis permanecem entre as mais criticadas pelos clientes, variando apenas a colocação (veja o quadro). Tanto a Claro quanto a TIM, a OI, o Ponto Frio, a NET Brasília e o Grupo Itaú têm destaques negativos na avaliação dos brasilienses. O resultado demonstra que as agências reguladoras também não estão suficientemente atentas para coibir os abusos recorrentes contra o elo mais fraco da corrente: o consumidor.
O presidente do Instituto Brasileiro de Política e Direito do Consumidor (Brasilcon) e juiz do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, Hérico Valverde Santana, acredita que há necessidade de as agências se preocuparem mais em assumir o papel de defesa dos clientes. ;Elas não precisam tentar cumprir o papel do Procon, mas a atuação tem que levar em conta o Código de Defesa do Consumidor, porque os reflexos serão sentidos na ponta. Não basta analisar os contratos entre empresas e a União;, afirma.
A operadora Vivo, o Banco do Brasil, o grupo Ricardo Eletro e o Banco de Brasília (BRB) saíram do ranking e foram substituídas pelas Casas Bahia, pelo grupo B2W, que reúne os sites Americanas.com, Submarino e ShopTime, pela LG e pela OI fixo. O diretor do Procon-DF, Oswaldo Moraes, está confiante na diminuição dos índices de rejeição atribuído às grandes empresas e na constante alteração dos ocupantes da lista das firmas com maior número de queixas. ;Temos feito diversas reuniões com os representantes das marcas e percebemos maior comprometimento em solucionar os impasses e diminuir o número de problemas.;
Além de uma mudança de postura das empresas, Oswaldo reforça a necessidade de ampliar a educação para o consumo, principalmente entre os jovens em idade escolar. ;Precisamos com urgência preparar quem não entrou no mercado de consumo. Esclarecer direitos e deveres é pensar na prevenção, na redução de atritos. E, quando houver um problema, mostrar que é preciso reclamar. Ficar calado não resolve.;