Teve início na manhã de ontem o julgamento dos dois policiais militares de Goiás acusados de participação no assassinato do ex-dono da rede de restaurantes Bargaço Leonel Evaristo da Rocha. Ele foi morto em 15 de abril de 2008 após uma emboscada no Setor de Postos e Motéis Sul. Ismael Severino da Silva e Jarson de Jesus Pinto Cerqueira enfrentaram pela primeira vez o Tribunal do Júri de Brasília. Durante o dia, foram ouvidas seis testemunhas de defesa e três de acusação, além dos dois acusados. A previsão era de que a sentença fosse conhecida até as 4h de hoje.
Os dois PMs são acusados de homicídio e furto qualificados pela morte do empresário. Os celulares da vítima e de Luzivan Farias da Silva ; ex-gerente da unidade Brasília condenado em maio de 2009 a 20 anos de prisão por participação no crime (leia Memória) ; foram encontrados com a dupla. Eles alegaram ter adquirido os aparelhos em feiras em Goiânia (GO). Um sobrinho de Ismael ouvido como testemunha declarou ter comprado o celular que pertencia a Leonel Evaristo. No interrogatório, Jarson afirmou diante do juiz que conseguiu o aparelho na Feira da Marreta. ;O porte dos aparelhos não é suficiente para provar a participação direta deles no crime;, alegou o advogado de defesa dos acusados, Flávio Cardoso.
Um erro no processo colaborou para a acusação montada pelo Ministério Público do DF e Territórios. Nos autos, estava escrito que o crime ocorreu em 14 de abril, um dia antes da data real. ;As testemunhas desfizeram o álibi e mostraram a clara intenção em ajudar os dois. Aquilo que eles apresentaram como álibi certo, ficou descaracterizado;, sugeriu o promotor do Tribunal do Júri de Brasília, Maurício Miranda. Para o advogado dos policiais, a falha interferiu no trabalho. ;Esse erro atrapalhou a defesa, que produziu provas a partir daquela data;, argumentou Cardoso.
Declaração
Durante o interrogatório, Jarson afirmou que no dia do crime só saiu à noite para ir à faculdade. Ele alegou não conhecer Luzivan e Leonel Evaristo e só esteve em Brasília ao ser preso. Ele ficou detido no Complexo Penitenciário da Papuda por 10 meses. Mas ele e Ismael estão há cerca de três anos em uma penitenciária de Goiás.
Jarson emocionou os oito parentes que vieram de Aparecida de Goiânia para acompanhar o julgamento. Ele afirmou que não matou ninguém e tinha comportamento exemplar no trabalho. O outro réu também alegou não conhecer a vítima e o ex-gerente do Bargaço. ;Estamos muito tranquilos, confiamos que ele é inocente;, disse o irmão de Jarson, o empresário Jesu Bonfim Pinto de Cerqueira, 49 anos, morador de Goiânia. Jarson estava afastado do trabalho por problemas psiquiátricos quando ocorreu o assassinato.