O apagão que deixou mais de 103 mil casas e estabelecimentos comerciais do Distrito Federal sem energia no último domingo ocorreu por causa de uma pane no painel do Operador Nacional do Sistema (ONS), localizado no escritório central de Furnas Centrais Elétricas, no Rio de Janeiro (RJ). O dispositivo controla todas as linhas de fornecimento de energia elétrica do país e, durante a troca de equipamentos da estação Brasília-Sul, em Samambaia, um problema desligou duas redes do ponto de distribuição (veja arte).
Com a interrupção, algumas quadras do Guará, de Ceilândia, do Núcleo Bandeirante, de Taguatinga e da Candangolândia ficaram sem luz. Na Quadra 12 do Park Way, vários moradores tiveram lâmpadas e eletrodomésticos danificados.
O diretor de Operações da Companhia Energética de Brasília (CEB), Fábio Tadeu Antonio Batista, explicou que cerca de 70% da energia elétrica que chega às mais de 859 mil residências e lojas do DF vem da usina de Furnas. As outras fontes são as usinas de Corumbá 3, Corumbá 4 e Paranoá.
De acordo com Batista, durante os serviços de manutenção, apenas uma das duas linhas é desligada para que a outra continue com o fornecimento. ;No dia do serviço, ocorreu um problema e a segunda linha também foi desligada. Com isso, os controladores de Furnas acionaram um sistema de restrição de cargas que opera para não deixar que a pane se transforme em efeito cascata e desligue toda a cidade. Se outra estação fosse desligada, 60% de Brasília ficaria sem energia;, detalhou.
Segundo o diretor da CEB, a estação Brasília-Sul abastece Ceilândia e Taguatinga, mas apenas a central da segunda teve as linhas restabelecidas rapidamente. Com a queda de energia na estação de Ceilândia, que também abastece parte das quadras do Park Way, da Candangolândia, do Núcleo Bandeirante e do Guará, milhares de brasilienses ficaram no escuro. ;Com a pane, tivemos que transferir cargas para algumas estações e, assim, não deixar a cidade sem luz. Só após uma análise técnica, foi constatada a falha no painel. Quando o problema foi normalizado, um novo desligamento ocorreu para que as cargas fossem normalizadas. Com essas transferências, abro um trecho e fecho outro. Mas essa operação não é rápida;, completou.
Perdas
Moradores da Quadra 12 do Park Way passaram a tarde e a noite do último domingo sem luz. Muitos também reclamam que é constante a falta de energia e cobram providências da CEB. O casal Nonato Freitas, 67 anos, e Rosária Gomes, 37, vive há 3 anos na cidade e disse ao Correio que a queda de eletricidade é comum, principalmente nos fins de semana. ;Já chamamos os técnicos da CEB aqui, e eles disseram que o problema é no transformador. Mas nada foi feito até agora. Isso é uma falta de respeito com o cidadão. Oriento as minhas duas filhas a tomarem banho antes das 16h, porque o risco de faltar luz é sempre grande. Na última queda, perdi três lâmpadas;, destacou Rosária.
Também moradora da Quadra 12, a embaixatriz da Costa Rica, Ana Lucía Fuentes, 53 anos, comentou que os sistemas de segurança da casa estão danificados por conta dos constantes apagões. Há apenas seis meses no Park Way, ela esperava encontrar uma realidade diferente na capital federal.
;No meu país, não tem esse tipo de problema. Temos compromissos diplomáticos, recebemos visitas aos fins de semana e não podemos ficar sem luz. A cerca elétrica está queimada e as seis câmeras de segurança não funcionam;, completou.