Jornal Correio Braziliense

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Rodoviários não descartam novas paralisações no DF no decorrer da semana

Os brasilienses podem se preparar para encarar mais um período de dificuldades com o transporte público. A exemplo do que ocorreu ontem, os rodoviários não descartam novas paralisações no decorrer da semana. Ao todo, 800 coletivos deixaram de circular por duas horas no fim da tarde. Os trabalhadores mantiveram 30% da frota do Distrito Federal parados no estacionamento do Mané Garrincha, das 16h às 18h, como forma de protesto organizado pelos representantes do Sindicato dos Rodoviários. O resultado da manifestação foi atraso na volta para casa dos usuários do sistema coletivo.

A categoria marcou uma assembleia para o domingo da outra semana. Caso o reajuste salarial e outros pedidos não sejam atendidos até lá, a categoria ameaça dar início a uma greve. Muitos rodoviários admitem a intenção de cruzar os braços. Mas os problemas podem vir antes disso. Com o desenrolar da semana, os sindicalistas avisam que mobilizações como carreatas e até novas paralisações podem ocorrer e aumentar ainda mais os tormentos dos brasilienses que dependem dos ônibus.

Quem terminou expediente no fim da tarde de ontem precisou de muita paciência. Os coletivos chegaram depois do horário à Rodoviária do Plano Piloto e saíram lotados em direção às regiões administrativas do DF. A auxiliar administrativo Jacilene Costa, 26 anos, esperou mais de meia hora até a chegada do ônibus que a levou ao Gama Leste. Enquanto aguardava, um fiscal avisava aos passageiros da fila o motivo da demora. ;Como se não bastassem os atrasos do dia a dia, eles ainda conseguem piorar a situação;, reclamou.

Queixas
Enquanto rodoviários, empresários e o Governo do DF não se entendem sobre o reajuste salarial da categoria, a população se vê diante de um problema que só parece aumentar. O atendente comercial Jairo Corrêa, 18 anos, discorda da greve dos rodoviários. ;Os ônibus sempre passam fora do horário e lotados. Muitas vezes, não cabe mais ninguém e os motoristas continuam deixando mais gente entrar. Deveria haver mais linhas para atender toda a demanda;, sugeriu o morador de Santa Maria.

Os motoristas e cobradores temem perder os benefícios que conquistaram. O acordo coletivo dos rodoviários acabou no último dia 30. A categoria recebeu os valores dos benefícios referentes a maio só depois que a Secretaria de Transportes interferiu nas discussões e prometeu analisar a situação dos empresários. A proximidade do dia de recebimento das parcelas de junho motivou a categoria a fazer a paralisação de duas horas dos 800 ônibus.

As reivindicações incluem um reajuste salarial de 16,69%. A próxima assembleia ocorrerá no dia do pagamento da classe. A categoria já saberá, então, se o tíquete-alimentação, de R$ 271, será incluído nos contracheques. O presidente do Sindicato dos Rodoviários, João Osório da Silva, afirmou que, nesse caso, o DF pode enfrentar uma greve. ;Houve duas reuniões e as empresas disseram que não vão manter o acordo nem dar o reajuste. O mais provável é desencadear uma greve;, afirmou.

Sem solução
Os concessionários do transporte público se dizem de mãos atadas. De acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte Público, não há equilíbrio financeiro capaz de suportar os impactos das reivindicações dos rodoviários. A entidade se mantém contrária à paralisação e afirma que aguarda soluções do GDF. A Secretaria de Transportes, no entanto, ressalta que as propostas dos empresários estão em estudo e garante que, por enquanto, não haverá aumento nas tarifas das passagens.

Eu acho...
;Quase todos os ônibus são velhos, desconfortáveis, barulhentos e quebram com frequência. Situações como essas são uma falta de respeito. Outro dia, o ônibus estava cheio de passageiros cansados de um dia de trabalho e ainda tivemos que descer e esperar pelo próximo. Além disso, algumas linhas têm poucos carros.;
Valdirene Soares, 38 anos, empregada doméstica, moradora de Samambaia