Uma operação de combate à prática ilegal do jogo do bicho levou 15 pessoas à 4; Delegacia de Polícia, no Guará, entre a noite da última terça-feira e a tarde de ontem.
Sete pontos de jogos foram desarticulados pelos policiais civis. Vasto material de apostas, um carro, cerca de R$ 5 mil em dinheiro e quatro folhas de cheque também foram apreendidos.
A maioria dos apontadores ; como são denominados os responsáveis pelos jogos ; é de aposentados com mais de 50 anos. Apesar do flagrante, todos os detidos foram liberados após assinar um termo circunstanciado e vão responder ao delito em liberdade.
Os pontos de aposta, localizados nas QIs 8 e 20, nas QEs 7, 17, 19 e 32 e na Feira do Guará, eram investigados havia três meses. Agora, os policiais buscam o bicheiro responsável pela área do Guará, que seria o executor dos jogos. ;Os sorteios são feitos no Rio de Janeiro, mas cada cidade de Brasília tem um bicheiro responsável, que arrecada todo o dinheiro com os apontadores. Mas nenhum sabe dizer a quem é subordinado;, apontou o delegado-chefe, Anderson Espíndola.
Para Espíndola, a recorrência da prática de jogo do bicho pode ser estimulada pelo fato de o delito ser considerado apenas uma contravenção penal, com prisão de seis meses a um ano, que pode ser cumprida com penas alternativas. ;O problema é que, geralmente, o jogo do bicho está aliado a outros tipos de crimes mais graves, como extorsão, tráfico de drogas e de armas;, atentou o delegado. Dos detidos, 12 homens e três mulheres, dois já têm passagens por esse mesmo tipo de delito. Tanto os apontadores quanto os apostadores respondem pela mesma contravenção penal.
Sorteios
O delegado explica que, durante a operação, as apostas eram feitas tranquilamente em bares, praças, distribuidoras de bebidas, dentro de carros e até no balcão de uma peixaria na Feira do Guará.
Na delegacia, os detidos não forneceram detalhes aos policiais. ;Eles fazem as apostas e, quando chegam aqui, garantem não saber de nada. Mas apreendemos várias agendas, e com isso vamos poder subsidiar as investigações, que terão continuidade;, informou Espíndola. Aos agentes, os apontadores teriam informado, apenas, que recebem uma quantia mensal que dá para ;pagar o aluguel; e que pode chegar a R$ 900.
Os policiais acreditam que, diariamente, a arrecadação com o jogo do bicho no Guará ultrapasse R$ 5 mil. ;Nestes últimos dois dias, apreendemos essa quantia em apenas sete pontos. Mas existem vários outros locais, que estamos monitorando. Não dá para precisar um valor, mas é muito dinheiro;, disse o delegado. Dois cheques assinados em branco e três com valores que chegam a R$ 1.395 foram apreendidos com os apontadores. ;Devem ser de pessoas que não têm dinheiro para apostar e deixam os cheques como garantia;, concluiu Espíndola.
Em liberdade
Contravenções penais são todos os crimes de menor potencial ofensivo, que têm pena privativa de liberdade máxima menor que dois anos. Nesses casos, os infratores não ficam presos, apenas assinam o Termo Circunstanciado, no qual se comprometem a comparecer à Justiça quando forem chamados.
O que diz a lei
O artigo 58 do Decreto-Lei n; 6.259/44 determina prisão de seis meses a um ano a quem ;realizar o denominado jogo do bicho, em que um dos participantes entrega certa quantia com a indicação de combinações de algarismos ou nome de animais, a que correspondem números, ao outro participante, considerado o vendedor ou banqueiro, que se obriga mediante qualquer sorteio ao pagamento de prêmios em dinheiro;.