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'Foi a primeira e última vez que entro em um barco', diz sobrevivente

Uma das sobreviventes do naufrágio do barco Imagination no Lago Paranoá prestou depoimento na delegacia que conduz as investigações da Polícia Civil, a 10; DP, no Lago Sul. Jaqueline da Silva Moura, 29 anos, reforçou o fato de haver superlotação e denunciou que, no momento em que embarcou, não foram exigidos que ela apresentasse os documentos pessoais. "Nem sabia se meu nome estava na lista, mas entrei", afirmou.

Ela é moradora do Setor O de Ceilândia e contou que chegou ao edifício Ícone, onde o grupo se concentrou, às 18h45 e entrou na embarcação às 19h10, saindo logo em seguida.

"Esta foi a primeira e provavelmente a última vez que entro em um barco", disse Jaqueline ao Correio. Ela chora ao relembrar o acidente e diz que sempre que fecha os olhos para dormir se lembra de uma menina de 10 anos que ajudou a salvar.

A sobrevivente conta que quando caiu na água segurou a mão do marido, Fenelon Antônio Meira de Vasconcelos, 35, que se apoiava em um colete salva-vidas. Ele usava um casaco de lã que, molhado, atrapalhava flutuação. Enquanto tentava retirar a blusa, a mulher começou a se afogar e engolir água, ele, então, deu o colete para que ela segurasse. Ao lado da mulher havia uma criança que se debatia e tentava se salvar segurando em Jaqueline, que teve o braço todo arranhado antes de acalmar a menina e fazer o resgate bem sucedido.

Assim que uma lancha chegou para socorrê-la, ela pediu que levassem primeiro a criança. Quando Jaqueline subiu no barco de resgate constatou-se hipotermia, que foi controlada com uma capa fornecida pelos socorristas. O material ajudou a temperatura do corpo voltar ao normal.