Previsto para acabar nesta quarta-feira no Conselho de Ética, o processo administrativo instaurado contra a deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF) deve se estender pelo menos por mais uma semana. O relator do caso, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), afirma que estava pronto para apresentar o resultado das investigações nesta semana, mas será obrigado a aguardar a entrega de uma nova defesa da parlamentar. Segundo a assessoria de imprensa de Jaqueline, a deputada voltou ontem a trabalhar. Ela interrompeu a viagem que fazia a Nova York (EUA), onde acompanhava o Fórum Permanente para as Comunidades Indígenas, na Organização das Nações Unidas (ONU).
Sampaio trabalha nos acertos finais do relatório. Das mais de 100 páginas que produziu, ele tenta limitar a redação final a 60 laudas. A posição está firmada, seja pela cassação ou pela absolvição ; informação que o deputado guarda sob sigilo absoluto. No entanto, o relator terá de esperar o fim do prazo de cinco sessões ordinárias que a defesa tem direito. A nova contagem de tempo foi aberta com a remessa do parecer da Corregedoria da Câmara.
Segundo o documento, aprovado por unanimidade pela Mesa Diretora, há indícios de quebra de decoro no caso de Jaqueline Roriz. ;Não acredito que existam fatos inovadores nas alegações da deputada, até porque as acusações apresentadas pelo corregedor [Eduardo da Fonte (PP-PE)] são iguais às recebidas anteriormente;, explica o relator.
Além de avisar que os advogados de Jaqueline usarão todo o tempo protocolar para entregar a defesa, com prazo final previsto para a próxima quinta-feira, o assessor Paulo Fona anuncia a apresentação de novas testemunhas.
Para o relator, as iniciativas da parlamentar demonstram o interesse em protelar o fim do processo.
;Ela não quer mais colaborar com a celeridade. Parece que perdeu a certeza na absolvição;, avalia Sampaio. A Comissão de Ética deverá convocar as novas testemunhas para a terça-feira da próxima semana, a fim de permitir a leitura do relatório no dia seguinte.
O Fórum da ONU termina nesta sexta-feira, mas Jaqueline resolveu antecipar o retorno, posto que os dias de ausência serão descontados do seu salário. Ela partiu no dia 13 último para representar a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional no encontro, mas a indicação dela foi vetada pela Mesa Diretora. Com isso, a deputada passou a última semana nos Estados Unidos por conta própria. De acordo com a direção da Casa, ela teve quatro faltas computadas, devido a ausências nas sessões deliberativas.
Veto
A pretensão de Jaqueline em participar do fórum foi barrada em dois momentos. As indicações dela e da deputada Dalva Figueiredo (PT-AP) foram aprovadas pela Comissão de Relações Exteriores no dia 5. No entanto, o presidente da Casa, Marco Maia (PT-SP), liberou apenas a colega petista antes de partir em missão oficial à Coreia do Sul. Por sua vez, a presidente em exercício, Rose de Freitas (PMDB-ES), negou o requerimento. Segundo servidores da Mesa, a desaprovação foi manifestada por meio da ausência de resposta. Conforme a praxe da Casa, só há despacho quando é dada a autorização.