Jornal Correio Braziliense

Cidades

Quatro clínicas de cirurgias plásticas são interditadas na cidade

As normas para a realização de cirurgias plásticas em Brasília causaram uma reviravolta no mercado da cidade. Desde a assinatura do termo de compromisso, a Vigilância Sanitária interditou quatro das 29 clínicas em funcionamento e outras três ainda passam por adaptações. Assim, o número de estabelecimentos é hoje 25% menor do que o total de centros médicos cadastrados há um ano. Entre os locais interditados, alguns não terão condições de se adaptar e deverão encerrar definitivamente as atividades.

O diretor-geral da Vigilância Sanitária, Manoel Silva Neto, afirma que, até o próximo mês, o cadastramento e a classificação dos estabelecimentos serão concluídos. ;Alguns terão grandes dificuldades para receber a autorização para o funcionamento. Há casos de elevadores sem tamanho adequado para transportar um paciente em uma maca, por exemplo;, explica. É a Vigilância Sanitária que licencia as clínicas e verifica o cumprimento das exigências para classificação em cada tipo.

O fechamento de locais especializados em cirurgia plástica é um dos motivos que atraem pacientes para o Entorno e para municípios goianos. O cirurgião plástico Leonardo Rodrigues da Cunha, que opera em Anápolis, afirma que o fluxo de pessoas de Brasília em busca de operação cresceu desde o ano passado. Mas ele garante que o preço mais baixo não é o único atrativo. ;Aqui, os valores são mais em conta, porque o custo de vida é mais baixo também. Mas as pessoas vêm fazer cirurgia aqui, porque têm boas referências dos médicos. Conseguimos operar em bons hospitais, com preço menor e com muita segurança;, avalia. ;O preço de uma cirurgia de mama aqui é dois terços do que cobram em Brasília. Com essa diferença, a paciente pode pagar a drenagem depois;, acrescenta o médico.

O cirurgião Miguel Rassi Neto atende na capital de Goiás e opera em uma clínica que tem estrutura semelhante a de uma UTI. Ele conta que 30% de sua clientela é formada por brasilienses e que esse número não para de crescer. ;O mercado de Goiânia sempre foi bom. Temos bons profissionais e não há dúvidas de que o preço é mais acessível;, explica. Apesar de reconhecer que as normas rígidas do Distrito Federal encarecem os procedimentos, ele acredita que as medidas são positivas. ;As normatizações estão mais incisivas em Brasília, mas isso é bom. Traz mais segurança para os pacientes;, acrescenta.

Um dos grandes atrativos do mercado de cirurgia plástica fora de Brasília é o custo da intervenção para as pacientes que querem fazer mais de dois procedimentos de uma vez. Em Brasília, essas operações só podem ser realizadas em hospitais, e o valor pode dobrar em relação ao custo de uma clínica. Em outros estados, é possível fazer lipoaspiração, aumentar as mamas e realizar uma abdominoplastia de uma só vez. Essas cirurgias múltiplas são as que inspiram mais cuidados, especialmente as que envolvem lipoaspiração.

Estrutura
A advogada Karla Parthenop Karlatopoulos, 46 anos, está se preparando para fazer essas três cirurgias em um hospital de Brasília. Ela sente medo de enfrentar a sala de operação, mas elegeu um médico, depois de visitar quatro profissionais, e vai encarar o desafio no próximo mês. ;Tem muita gente que vai operar em outros estados para economizar, mas não me sentiria segura, porque quero estar perto de casa. Acho que a plástica deve ser feita em um local cercado de cuidados, com UTI e equipamentos. Por isso, escolhi um hospital;, revela a advogada, que sonha com abdominoplastia há oito anos, desde o nascimento dos filhos gêmeos. Na capital federal, só a conta do hospital, sem contar com os honorários do cirurgião e do anestesista, pode ultrapassar R$ 15 mil.

Já a sobrinha de Karla, a fisioterapeuta Liliane Andrade Moreira, 25 anos, optou por um médico de Goiânia para colocar silicone nos seios. O orçamento mais barato que havia encontrado em Brasília era de R$ 9 mil, mas ela conseguiu fechar a mesma operação por R$ 6 mil na capital goiana. ;É claro que o preço pesou muito na minha opção, mas em nenhum momento abri mão da minha segurança. Escolhi um cirurgião plástico com quase 30 anos de experiência e que já havia operado várias amigas minhas;, justifica Liliane.