Enquanto técnicos do Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans) calculam um possível reajuste na tarifa de ônibus, passageiros insatisfeitos com o sistema de transporte público registram milhares de reclamações na Ouvidoria do GDF. Somente nos primeiros quatro meses do ano, funcionários do serviço 156 ; ramal de atendimento ao cidadão ; receberam 5.075 queixas de usuários. O estudo para o acréscimo nos valores das passagens deve ser apresentado hoje.
O número de reclamações das más condições do transporte brasiliense em 2011 supera em 10% o registrado no ano passado. Em média, o DFTrans recebeu 1,2 mil reclamações mensais neste ano, contra 1,1 mil assinaladas por mês em 2010. Houve 42 ligações por dia para o órgão a fim de denunciar alguma irregularidade. No ano passado, foram 38 registros diários. A maioria das denúncias está relacionada aos atrasos dos ônibus, que quebram com frequência nas vias do DF.
Por trás das queixas dos passageiros, aparecem algumas irregularidades. Até abril, o DFTrans retirou das ruas 1.252 veículos com problemas de excesso de passageiros, de falta de equipamentos obrigatórios e de falhas elétricas. Alguns rodam, por exemplo, com pneu careca, extintor de incêndio vazio ou vencido e estofado solto. Nas autuações, os coletivos acabam multados e apreendidos, dependendo da gravidade da infração. Assim, saem de circulação.
Aumento
Na contramão do sistema oferecido, empresários pedem 52% de aumento de tarifa. Se reajustado integralmente, o valor do bilhete mais caro passaria de R$ 3 para R$ 4,56. O índice do aumento, no entanto, é calculado por uma equipe de técnicos do DFTrans. E o relatório deve sugerir um acréscimo nos preços. A previsão é que o documento seja concluído hoje.
Segurança em uma empresa de crédito, Maria Avelina Pereira, 54 anos, conta que precisou usar um guarda-chuva dentro do ônibus para não se molhar. ;A água pingava nas goteiras, e os bancos estavam todos molhados. O aumento de passagem não é justo, porque o sistema está em péssima qualidade;, lamentou a moradora de Ceilândia. ;Não existe coisa pior no DF que o sistema de transporte. Em Brazlândia, eles atrasam, demoram. Eu me canso mais em pé dentro dos ônibus do que no meu trabalho;, se queixou o jardineiro Manoel Ferreira de Souza, 52, morador de Brazlândia.