Jornal Correio Braziliense

Cidades

84 crianças passam por cirurgias no Hospital Regional da Asa Sul


Cerca de 4 mil crianças aguardam na fila da rede pública de saúde do Distrito Federal por uma cirurgia. Muitas delas são portadoras de hérnia inguinal, doença congênita que ocorre na região da virilha, com maior incidência no sexo masculino. Com foco nesse público, a Secretaria de Saúde promoveu ontem um mutirão de operações pediátricas no Hospital Regional da Asa Sul (Hras). Na ocasião, 84 meninos e meninas passaram pelo procedimento. As intervenções começaram às 7h30 e terminaram por volta das 19h.

Segundo a diretora-geral do Hras, Roselle Bugarin Steenhouwer, outros mutirões têm previsão de acontecer na unidade de saúde, uma das únicas do DF a realizar cirurgias pediátricas. ;Esse foi o primeiro de muitos que irão acontecer;, adiantou. ;Nosso intuito foi diminuir a espera. E essa é a única medida emergencial e resolutiva;, pontuou. A ideia da Secretaria de Saúde é promover ações semelhantes a cada 15 dias.

Davi Gonçalves Moreira, 5 anos, estava tranquilo antes da operação. Por volta das 12h, ele aguardava quietinho no colo do pai a vez para entrar na sala de cirurgia. Segundo o brigadista Raimundo Moreira da Silva, 37 anos, o filho estava na fila desde outubro do ano passado. ;O problema foi descoberto pelo pessoal da creche. Depois disso, fomos ao posto de saúde para saber o que fazer. Tentamos por duas vezes a operação, mas, em uma delas, por conta de uma cicatriz, ele teve que voltar para casa;, completou. Davi ficou menos de uma hora no centro cirúrgico. ;Apesar de sonolento, ele está bem. Correu tudo tranquilamente;, comemorou Raimundo.

Risco
Diferentemente de Davi, Ana Beatriz Morais de Oliveira, 10 anos, estava apreensiva momentos antes da intervenção. Há três anos, ela esperava para passar pelo procedimento. Além dela, a irmã, de 13 anos, e a mãe, a doméstica Maria da Conceição Morais de Sousa, 28, sofrem do problema. ;Tenho quatro filhas, duas apresentaram a doença. A mais velha ainda não foi chamada e tenho medo que demore o mesmo tanto da mais nova. Eu também tenho que passar por cirurgia. Tem dois anos que estou esperando;, disse Maria da Conceição.

Cirurgias para a retirada de hérnia inguinal são consideradas de médio porte e de baixa complexidade. Por isso, é permitida a alta hospitalar logo após a realização do procedimento cirúrgico. Caso o paciente não passe pela operação, a hérnia pode causar um estrangulamento e provocar a morte. Em 2% dos casos, pode ocorrer algum tipo de complicação no pós-operatório.