O sarampo volta a ameaçar o Distrito Federal. Após 11 anos sem registros da doença na capital do país, a Secretaria de Saúde confirmou o primeiro caso adquirido por um morador de Brasília. O órgão decretou estado de alerta em decorrência da notificação. Apesar de ter se contaminado em uma viagem ao exterior, o paciente pode atuar como uma porta de entrada do vírus em território candango. Os especialistas da Vigilância Epidemiológica investigaram as pessoas que tiveram contato com ele durante o período de transmissão. Até a noite de ontem, ninguém havia contraído a enfermidade.
Entre o fim de março e o início de abril, o homem de 34 anos passou 20 dias na Europa. Saiu do DF em um voo direto para Lisboa. Passou também por Paris, Bruxelas e Amsterdã. Desembarcou em Brasília no dia 9 do mês passado, com quadro clínico saudável. Os sintomas do sarampo, como febre alta e manchas vermelhas espalhadas pelo corpo, só apareceram depois de mais de uma semana (leia arte). A médica Cristina Segatto, da Vigilância Epidemiológica, acredita que o contágio tenha ocorrido na capital francesa. O país, segundo ela, enfrenta um surto da doença.
O paciente fez o primeiro atendimento em um hospital particular. A notificação chegou à Secretaria de Saúde no início do mês. Segundo o órgão, o homem não era vacinado. Mas ficou isolado, recebeu medicação e passa bem. No entanto, enquanto mantinha o vírus no organismo, pode ter contaminado familiares, amigos e vizinhos. Essas pessoas foram interrogadas e declararam não ter manifestado os sintomas. Elas podem ainda se encontrar no período de incubação da doença e estão de sobreaviso. Caso apresentem alteração no quadro de saúde, terão de passar por exames específicos.
A secretaria espera liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ter acesso à relação de passageiros que vieram no mesmo voo do paciente. A intenção é fechar ainda mais o cerco às pessoas que podem ter sido acometidas pela enfermidade. ;Tudo é possível quando se trata de uma doença como essa. A maior parte da população é vacinada, mas as coisas podem fugir do controle. Por isso, é importante fazer as buscas de todos os potenciais suspeitos;, explica Cristina. Segundo ela, em torno de 90% dos moradores do DF com mais de 40 anos tiveram sarampo e, portanto, são imunes. O restante enfrentou períodos de campanhas do governo e deveriam ter tomado as vacinas.
Prevenção
A última campanha de imunização contra a doença ocorreu em 2008, quando a população também foi convocada a tomar a vacina contra a rubéola. Diante do novo caso de sarampo no DF, a Secretaria de Saúde adotou medidas de prevenção. Os hospitais públicos e privados e os postos de atendimento foram informados do alerta e estarão atentos a novos casos suspeitos.
Os chefes e os médicos da rede pública também intensificaram a procura de crianças e de adultos de até 39 anos com problemas de imunização. Segundo a Secretaria de Saúde, quem fizer parte dessa faixa etária e não recebeu a vacina será intimado a tomá-la.
Perigo europeu
O surto de sarampo na França começou no fim de 2010 e se arrasta até hoje. Segundo os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), foram registrados 3,5 mil casos da doença no país somente neste ano. O contágio ocorreu em pessoas de todas as faixas etárias, desde bebês até adultos com mais de 30 anos. No Brasil, a situação é diferente. Desde 2001, não há registros de contaminações no país. Os poucos casos foram importados, ou seja, adquiridos por brasileiros em viagem a outros países.