Jornal Correio Braziliense

Cidades

Acesso à Torre de TV é interditado para obras e passeio fica restrito

Com algumas insatisfações, comerciantes começam a transferir as barracas e tentam se adaptar ao novo local

A interdição da Torre de TV pegou de surpresa os turistas que decidiram visitar o ponto turístico ontem. Fechado para o início das obras de revitalização, o monumento está com movimento reduzido de pessoas. A visita, no entanto, não foi totalmente perdida. Apesar de ainda haver barracas sob a marquise da torre, muitos feirantes decidiram abrir as portas dos boxes na nova e polêmica área da feira.

Os turistas mineiros Diego Monteiro, 28 anos, Patrícia Soares, 28 anos, e Ana Maria Monteiro, 52 anos, queriam subir até o mirante, mas se depararam com um cartaz informando sobre o fechamento temporário dos elevadores, que também serão substituídos por aparelhos mais modernos. O trio também deu de cara com o espaço sujo e cheio de restos de armações de barracas, fruto da mudança dos feirantes. ;Foi uma surpresa desagradável;, disse Diego. Para ele, apesar de a nova estrutura da feira ser mais moderna e organizada, perdeu-se a tradição. ;Acho que deveriam reformar o espaço e trazer os feirantes de volta, porque a feira ficou conhecida por ser aqui, é original;, comentou. Ana Maria lembrou, porém, que há alguns anos a tradicional feira de artesanato de Belo Horizonte também foi transportada em meio a controvérsias. ;Depois que mudou, todo mundo achava melhor. A presença da feira degradava a Praça da Liberdade;, diz.

Dono de uma barraca de souvenir, Israel Queiroz Silva, 28 anos, ainda estava no ponto que ocupou por 12 anos. Empacotando as mercadorias para a mudança, ele teme que a transferência prejudique o negócio. ;Meu ponto é excelente, em frente ao elevador. Mas lá talvez seja mais democrático. Vamos ter que mudar e esperar um pouco para avaliar;, acredita. Assim como tantos outros, o esqueleto de sua banca antiga vai parar em um ferro velho.

Se o temor dos comerciantes era que a distância entre o novo espaço e o monumento desestimulasse a presença de compradores, o primeiro dia de funcionamento mostrou que o público aprovou o local. Quem não gostou muito foi Anastácia da Silva, 55 anos, artesã especializada em cestas de palha. Seu box fica atrás de um ponto de alimentação. ;Cheguei aqui e está tudo sujo. O óleo entra, deixa cheiro nas coisas e ninguém quer comprar um produto assim. Não tem condição;, reclama. Para ela, a ala de alimentação não poderia estar em meio aos demais feirantes. Os comerciantes disseram que pretendem sugerir ao GDF a possibilidade de troca entre os donos dos boxes para criar uma ;setorização espontânea;, que não foi possível, já que houve sorteio dos números de barraca.

A artesã conta também que qualquer um pode abrir o seu box porque todas as chaves são iguais. ;Quem tem dinheiro trocou, mas eu vou ter que esperar;, diz. A vizinha de Anastácia, a uruguaia Blanca Rosa, 57 anos, vende copos e louças com motivos de Brasília e já enumerou alguns problemas no novo espaço. Ela conta que, além da sujeira do óleo de comida, encontrou a barraca cheia de água, que entrou no temporal ocorrido na última quinta-feira. ;Os boxes de comida não têm exaustor, o que deveria ser obrigatório. Também não vi hidrantes, para o caso de haver um incêndio;, diz.