Os ônibus executivos do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek começaram a circular ontem na capital do país. Quem teve a curiosidade de conhecer ou a necessidade de usar os coletivos de luxo na manhã de ontem viajou a um preço baixo, mas sem ter de enfrentar a lotação habitual do transporte público. A estreia do serviço definiu que os veículos partirão do terminal a intervalos máximos de meia hora. Além disso, os passageiros podem pegar a condução ou descer em qualquer parada de ônibus que esteja no percurso aeroporto JK;Esplanada dos Ministérios;Rodoviária do Plano Piloto;Setor Hoteleiro Norte;Setor Hoteleiro Sul.
Apesar da alternativa, a novidade ainda não se popularizou. O primeiro ônibus a partir do local contou com apenas um passageiro. O professor Jairo Rocha, 40 anos, decidiu aproveitar a nova linha para economizar. ;Fiquei sabendo agora. Acho importante, principalmente em Brasília, onde o táxi onera muito a viagem;, avaliou o morador de João Pessoa (PB). Ele calcula que tenha economizado cerca de R$ 40 reais ao optar pelo novo sistema.
Desinformados sobre a nova linha, a maioria dos passageiros continuou a usar o serviço de táxi ou a recorrer a caronas, deixando os veículos executivos com a maioria dos seus 40 lugares vazios. Os responsáveis pela novidade acreditam que a linha deve ganhar mais adeptos ao longo dos próximos três meses. Os poucos turistas que descobriram a condução de luxo aprovaram o conforto e o preço.
O juiz Eduardo Gibson, 50 anos, contou que economizou ao pagar três passagens para a família em vez de uma viagem de táxi. Morador de Fortaleza (CE), ele vem à capital com frequência para visitar o filho. ;Foi um achado. Eu sempre fico assustado com o preço dos táxis. Quando soube, fiquei muito animado;, ressaltou.
O percurso também pode ser aproveitado por turistas que quiserem somente dar uma volta na cidade. Com apenas algumas horas na capital depois de uma temporada na Amazônia, o belga Hervé Pierret, 48 anos, pegou a nova linha para conhecer o Museu Nacional enquanto esperava pela conexão para casa. ;É mais barato e divertido. E assim sei que não estou sendo roubado pelo motorista;, brincou.
O sistema conta com cinco veículos de luxo, dos quais um é mantido como reserva. Além de televisão, ar-condicionado, bagageiro e poltronas acolchoadas, o passageiro tem direito a sistema de internet grátis, que está em fase de testes ; a empresa responsável pela linha ainda estuda a implementação do sistema de vale-transporte eletrônico. O serviço atende das 6h30 às 23h. Custa R$ 8.
Fase experimental
Por enquanto, o trajeto, a tarifa, as vantagens oferecidas pelo sistema e até mesmo o tipo de ônibus usado estão sob avaliação. ;Na realidade, não houve um estudo prévio, como se faz nas linhas regulares. Então, a gente não sabe exatamente qual é o público-alvo. É no dia a dia que vamos aferir o movimento real, e, talvez, a gente faça alguns ajustes até na frota;, explicou o presidente da Transportes Coletivos de Brasília (TCB), Carlos Alberto Koch Ribeiro. A tarifa cobrada, por exemplo, pode ser modificada depois do prazo experimental de 90 dias.
Durante o lançamento do sistema, eram esperadas manifestações contrárias da parte dos taxistas, mas não houve protestos formais. Koch Ribeiro acredita que também não haverá conflito com os motoristas no futuro. ;A demanda da população é grande por esse tipo de serviço, e existe também a proximidade dos jogos da Copa do Mundo. Teremos um grande fluxo de passageiros. Acredito que a categoria vai dividir o mercado com a TCB sem problemas e atender bem o cidadão.;
Ao todo, cerca de 800 taxistas passam até oito horas na espera por passageiros no aeroporto. Alguns temem que a clientela diminua. ;Os ônibus vão tirar nossos passageiros, é só questão de tempo. Vamos ficar só com os que sobrarem, pois os que têm tempo vão preferir ir de ônibus;, reclamou o motorista Emídio Vianna, 55 anos. Até o momento, o sindicato da categoria formalizou uma crítica contra a linha.
Teste
O Decreto n; 32.888, publicado na última quinta-feira no Diário Oficial do DF, estabeleceu o período em que o novo serviço deve ficar em experimentação.