Para circular entre o Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek e o centro de Brasília, turistas e brasilienses têm poucas opções. Como as linhas de transporte público são escassas, a maioria das pessoas opta pelo táxi ou depende da boa vontade de parentes ou de amigos na hora do embarque ou do desembarque. Mas, depois de três anos de discussões e batalhas jurídicas, entra hoje em circulação o ônibus executivo que vai ligar o terminal à região central de Brasília. Apesar da resistência dos taxistas, que temem perder clientela, o governo vai oferecer o transporte diariamente, das 6h30 às 23h.
A Polícia Militar deve reforçar a segurança na região do terminal aeroviário na manhã de hoje para evitar eventuais confrontos com motoristas de táxis. Durante o treinamento dos condutores dos veículos executivos, houve registros de funcionários hostilizados e ameaçados pelos taxistas que atuam na área. Ontem à noite, o Ministério Público do DF enviou um ofício à PM pedindo apoio.
A criação dessa linha era uma reivindicação antiga dos moradores da cidade e, principalmente, de entidades ligadas ao setor do turismo. Os ônibus existem nos aeroportos da maioria das grandes cidades brasileiras. Em São Paulo, por exemplo, são equipados com ar condicionado e bagageiros e ligam os terminais de Guarulhos e de Congonhas à área central e aos principais hotéis da cidade. Lá, entretanto, o preço é mais salgado: a passagem para ir do aeroporto internacional ao centro custa R$ 33. Já no Rio de Janeiro, os valores são mais próximos dos cobrados em Brasília. Variam entre R$ 6,50 e R$ 8.
A oferta dos ônibus executivos em Brasília foi uma exigência da Promotoria de Defesa dos Direitos dos Consumidores e da Procuradoria Distrital dos Direitos do Cidadão do Ministério Público do Distrito Federal. Em 3 de março do ano passado, o governo e o MP assinaram um termo de ajustamento de conduta, em que o GDF se comprometeu a implementar a linha de transporte entre o aeroporto e o centro. O TAC 619/2010 previa multa de R$ 100 mil em caso de descumprimento.
A Secretaria de Transporte alega que a medida faz parte da estratégia do governo de preparar a cidade para os eventos internacionais que acontecerão no país. ;O início das operações dos ônibus executivos é parte das ações do Governo do Distrito Federal (GDF) para a melhorar o sistema de transporte público e para adequar Brasília, que é uma das sedes da Copa do Mundo de 2014;, explicou o secretário de Transporte, José Walter Vazquez Filho.
Resistência
Ao todo, foram comprados cinco ônibus de luxo ; cada um custou R$ 446 mil. A aquisição dos veículos executivos, por meio de pregão eletrônico, custou R$ 2,23 milhões aos cofres públicos. O negócio foi realizado pela Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília (TCB), empresa de ônibus estatal, no fim de 2010. Mas a linha demorou para ser lançada por conta de problemas na entrega dos veículos e na colocação dos adesivos com imagens de Brasília, que decoram os carros.
A primeira viagem será realizada hoje às 6h30, e os ônibus circularão diariamente até as 23h. Do aeroporto, os passageiros seguirão pela Esplanada dos Ministérios, pela Rodoviária do Plano Piloto, pelos setores hoteleiros Sul e Norte e, depois, o ônibus voltará ao aeroporto. ;As viagens terão intervalo de 30 minutos, podendo chegar a 10 minutos nos horários de maior movimentação. O serviço será oferecido diariamente, inclusive aos sábados, domingos e feriados;, disse o presidente da TCB, Carlos Alberto Koch Ribeiro.
Para o diretor-executivo do Brasília Convention Bureau, Henrique Severien, o lançamento da linha executiva é um primeiro passo para facilitar a circulação dos turistas. Mas, para ele, essa ainda não é a solução definitiva do problema, já que o ônibus precisa ser integrado com outros meios de transporte.
Essa é a segunda tentativa de criar uma linha executiva ligando o aeroporto ao centro. Em julho de 2008, a TCB já havia comprado veículos de luxo para a implantação desse trajeto, mas o então governador José Roberto Arruda decidiu suspender a criação da linha por conta da pressão de taxistas, que não queriam concorrência. A presidente do Sindicato dos Permissionários de Táxi do DF, Maria do Bonfim, nega que haja resistência.