O ex-secretário de Desenvolvimento Econômico José Moacir Vieira registrou uma ocorrência na 15; Delegacia de Polícia (Ceilândia), por volta das 16h30 de ontem, alegando ter recebido uma ameaça de morte. Durante os três meses que esteve à frente da pasta, ele foi alvo de intimidações. Enquanto ocupava o alto escalão do GDF, José Moacir chegou a pedir escolta policial ao governador Agnelo Queiroz (PT). Como a tensão permaneceu mesmo após o pedido de exoneração, Moacir preferiu agir em favor da sua integridade e da sua família. A delegacia responsável pelo caso suspeita da atuação de servidores da administração pública no esquema. Os suspeitos podem pegar de dois a quatro anos de prisão.
O clima tenso motivou a saída de Moacir, que deixou o governo em 31 de março. ;Dias após ter assumido a secretaria e tomado algumas atitudes para moralizar o setor, passei a receber ameaças veladas por telefone. Deixei a pasta, mas depois as ameaças continuaram;, explicou. Ele não deixou transparecer a situação enquanto compunha o GDF por não querer ;se curvar a essa situação;. Mas, agora, resolveu ser prudente e proteger os familiares. ;Na época em que eu era secretário, cheguei a solicitar escolta. O governador colocou um delegado para trabalhar comigo. Mas eu pedi para sair antes de essa segurança ser efetivada;, lembrou.
Em entrevista concedida ao Correio no início de abril, Agnelo confirmou a situação vivida por José Moacir. ;Eu estava muito satisfeito com ele, que veio com coragem e determinação para romper práticas até então vigentes. Por isso, ele sofreu pressões, ameaças. Demos todo o respaldo, mas entraram os limites familiares. Pelo mérito, ele estava correto e essa política vai continuar;, ressaltou. O ex-secretário havia prometido um arrocho nas irregularidades do Programa de Promoção do Desenvolvimento Econômico Integrado e Sustentável (Pró-DF). Alguns empresários beneficiados venderam os espaços comerciais, que passaram a ser usados como residências, o que é proibido pelo projeto de incentivo fiscal.
O delegado da 15; DP, Fernando Batista Fernandes, instaurou inquérito policial para verificar a origem dos telefonemas e identificar os responsáveis. ;Vamos quebrar o sigilo das ligações que ele recebeu no celular e na empresa. Os criminosos podem responder por ameaça e coação no curso do processo;, avaliou. Caso haja envolvimento de servidores públicos, será aberto ainda processo administrativo contra eles. ;Não descartamos nada;, afirmou Fernando.