São 25 anos de história representados em 87 metros de trilhos em miniatura. A estrutura das duas maquetes acomodadas em três salas da Ala Norte do piso superior da Rodoferrroviária de Brasília revela parte significativa da memória ferroviária do país. Todo o material, no entanto, pode ser destruído. Isso porque o espaço que abriga as salas está sendo requisitado pelo governo. Os integrantes da Sociedade de Modelismo Ferroviário de Brasília (SMFB) afirmam não ter para onde transferir as maquetes. ;Eles nos ofereceram, informalmente, um espaço no subsolo para guardarmos as coisas, mas não temos onde montá-las. Além disso, para retirar a maquete, teremos que desmontar tudo e com isso os trilhos seriam cortados e parte do material, comprado na Alemanha, perdido;, alega um dos integrantes do grupo, Magno Vieira da Silva.
De acordo com a SMFB, o pedido de desocupação das salas foi encaminhado pela Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa), que também funciona no piso superior da Rodoferroviária. O prazo inicial para a desocupação era 16 de abril. Porém, foi prorrogado para o próximo sábado. ;Estamos buscando algum diálogo com o governo para tentar impedir isso;, considera Magno.
Mobilização
Ao todo, as três salas somam 85 metros quadrados e são utilizadas pela SMFB desde outubro de 1985, quando a então Rede Ferroviária Federal S.A. formalizou um pedido ao Governo do Distrito Federal. À época, a parte superior da Rodoferroviária era ocupada por refeitórios e dormitórios de trabalhadores ferroviários. Desde a primeira autorização, a cada mudança de governo, os membros do grupo precisam se mobilizar para garantir a manutenção do espaço. ;Sabemos que, com a desativação da Rodoferroviária, não temos mais movimento de visitantes aqui. Mas, se a intenção do GDF é realmente reativar a estação de passageiros, como já foi garantido pelo governador o Agnelo, o melhor seria que continuássemos nesse espaço, contando toda essa história;, avalia Magno.
No fim do mês de março, Agnelo Queiroz (PT), realizou vistoria na estrutura do sistema ferroviário para avaliar a conservação e a viabilidade da utilização para o transporte de passageiros. Atualmente, a estrutura férrea que passa pela Rodoferroviária é utilizada apenas para o transporte de cargas. Levantamentos encomendados pelo chefe do Executivo irão avaliar se os trilhos e as estações antigas poderão ser aproveitados também para o transporte de passageiros. A ideia é que o trem vá até Goiânia, interligando o DF ao Entorno.