No Gama, a cena de autônomos espalhados pelas calçadas se repete. São 12h45 e na avenida principal, também próximo às grandes lojas, a venda de produtos piratas é constante. ;A fiscalização só bateu aqui uma vez este ano. Desde então, os ambulantes ficam aqui o dia inteiro;, garante um vendedor de uma loja próxima. ;Quando os fiscais aparecem é cedinho, por isso mesmo eu só chego mais tarde, umas 11h. Nos últimos dias, no entanto, a gente não teve problema, não;, afirma um ambulante, que conversa com a reportagem também sem se identificar. O horário de trabalho dos autônomos é o mesmo das lojas. Os últimos deixam os pontos por volta das 19h. ;Após as 17h, é muito difícil ver qualquer fiscal po aí;, garante um vendedor que se identifica como Cícero e trabalha como ambulante há 20 anos.
Nos dias em que o Correio percorreu alguns pontos do DF, na última semana, durante o horário de almoço, pouca atuação dos ambulantes foi vista em regiões como Taguatinga, Recanto das Emas e na área central do Plano Piloto. Em Ceilândia e Taguatinga, após as 15h, as grandes avenidas foram ocupadas por fiscais, acompanhados de policiais militares. Na ocasião, poucos ambulantes foram encontrados nas imediações. ;Eles já deixam tudo armado, têm olheiros que avisam quando os fiscais estão chegando. É nessa hora que todos correm para os carros que já ficam estacionados aqui perto;, explica um comerciante fixo de Ceilândia. Segundo ele, os ambulantes mais antigos costumam ter, frequentemente, o material apreendido pela Agefis. ;Eles pegam mais pesado com quem vende CD e DVD;, avalia.
Entorno
[SAIBAMAIS]Quem circula pelas regiões tomadas pelos vendedores tem opiniões diferentes quanto ao trabalho dos ambulantes. ;Eu acho que atrapalha, fica feia a cidade, mas ao mesmo tempo tenho pena deles. São pessoas que precisam trabalhar;, avalia a cabeleireira Amanda Vieira, 25 anos. O professor Armando Santos, no entanto, é mais radical. ;Eles insistem em algo que é ilegal. Devem buscar outro meio de sustento, essa situação atrapalha toda a movimentação na comercial;, considera.
Para o diretor de Operações de Fiscalização da Agefis, Cláudio Caixeta, a proximidade de cidades como Ceilândia e Gama da região do Entorno facilita a movimentação dos autônomos. ;Eles chegam de regiões próximas, na maioria das vezes do Entorno, e acabam ficando por ali. No Plano Piloto, por sua vez, já conseguimos reduzir significativamente a ação dos camelôs;, conclui Caixeta.