A última alimentação no site da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) ocorreu em 7 de março deste ano pela Polícia Civil do Distrito Federal. Apesar de a imprensa nacional ter estampado nas principais páginas a imagem do homem morto caído na cela de uma delegacia de Goiânia (GO), ninguém inseriu a informação no sistema. ;A competência de alimentar a rede é dos estados;, defendeu-se Regina Miki, titular da Secretaria Nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça.
No jogo de empurra, a Polícia Civil de Goiás também não se ateve à modificação. ;Eu não tenho condições de dar baixa no mandado de prisão registrado na Bahia. Mandamos o comunicado da morte dele para lá;, explicou o titular da Delegacia Regional de Luziânia, Juracy Pereira. Porém a página da internet mantém informações goianas. ;Realmente, não me atentei a dar baixa no sistema;, reconheceu Juracy, garantindo que iria consultar a situação do ex-presidiário. A polícia da Bahia não retornou às ligações do Correio para esclarecer a manutenção do mandado de prisão em aberto no site.
Perda de tempo
;Os delegados poderiam oficiar (a morte), tendo em vista que o Brasil inteiro foi informado. É por causa desse desencontro, dessa burocracia e inanição, que o juiz não consultou as informações na véspera de soltar Ademar. Estamos vivendo no século 16, onde um sistema precisa ser atualizado por meio de ofícios;, criticou o advogado criminalista Raul Livino. ;Os juízes perdem quase um dia fazendo pesquisas para liberar um preso. A Justiça não está no tempo real. Dessa maneira, é possível que seja feita uma audiência formal, ouvindo testemunhas para analisar o caso de um morto, ou, como aconteceu, liberar um pedófilo por falta de informação. O sistema tinha de ser integrado;, defendeu.
Promotor de Luziânia, Ricardo Rangel enfatiza a importância de interligar as informações por todo o país. ;O sistema é precário. E pode corroborar com a prisão ou a soltura indevida de alguém. Isso é inaceitável. Se você der um cheque sem fundo no interior da Bahia e vier para Goiás, não consegue comprar um pirulito na esquina. Mas, se você comete um crime grave, como um estupro, vive tranquilamente em Luziânia sem ser perseguido;, comparou. (NT)