O superaquecido mercado imobiliário da capital do país não para de atrair gente de outras áreas para o mundo da corretagem. O número de vendedores de imóveis em atuação no Distrito Federal cresceu 21,8% em 2010, contra 13% da média nacional. Levantamento divulgado pelo Conselho Federal de Corretores de Imóveis (Cofeci) revela que, entre dezembro de 2009 e o mesmo período do ano passado, o total desses profissionais pulou de 8.074 para 9.834 ; são 1.760 novos profissionais no mercado. Significa dizer que o DF ganhou, em média, quase cinco corretores por dia.
Com apartamentos cujo valor do metro quadrado chega a R$ 14 mil ; para cada metro quadrado comercializado, o corretor ganha em média R$ 700 ;, Brasília tem se consolidado como o paraíso dos corretores. Todos os meses, o conselho regional recebe 200 pedidos de inscrição de pessoas que largam outros ramos para tentar faturar com as negociações muitas vezes milionárias. O crescimento registrado no DF supera o de estados como São Paulo (12%), Rio de Janeiro (7,4%) e Minas Gerais (10,2%). Sergipe liderou o ranking, com 34,7% de aumento no número de profissionais. Piauí apresentou a menor expansão: 4,8%.
Os dados oficiais apontam uma ascensão da atividade de corretagem em todo o Brasil. Em 2009, o crescimento foi de 11,5%. No ano passado, com a entrada de 30 mil novos profissionais no mercado, o salto foi o maior da história. ;O avanço é bastante significativo, mas ainda insuficiente para atender à demanda;, analisa o presidente do Cofeci, João Teodoro da Silva. Segundo ele, o ideal seria que o país ; com 219.779 corretores em atuação ; tivesse o dobro desses profissionais.
Teodoro reforça que o cenário no DF é atípico e, por isso, acredita em um crescimento ainda maior nos próximos anos. ;O mercado vive um momento excepcional. Brasília continua na segunda posição do ranking em faturamento e unidades comercializadas, atrás somente de São Paulo;, comenta. Apesar de uma clara desaceleração dos preços no segundo semestre de 2010, empresários do setor apostam que a valorização dos imóveis em Brasília se manterá sólida em 2011.
Lançamentos no Noroeste, em Águas Claras e em cidades como Samambaia e Gama e na região do Entorno aumentam a demanda por corretores. O primeiro-secretário do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da 8; Região (Creci-DF), José da Costa Sena, conta que há 17 mil profissionais inscritos na entidade. O número dos atuantes é bem menor porque, explica ele, muitos desistem da atividade ao perceberem que o mercado exige cada vez mais formação adequada.
Novo emprego
Há dois anos, João Marcos Lucas Oliveira, 42, largou a vida de empresário e se lançou à venda de imóveis. Fez o curso obrigatório para exercer a profissão, ingressou em uma das maiores imobiliárias da cidade e deu início às negociações. No primeiro ano, ficou entre os 20 melhores corretores da empresa, que conta com 420 funcionários. ;Encontrei meu lugar. Não sei mais fazer outra coisa;, diz ele, de carro do ano na garagem e ternos Armani no guarda-roupa.
Se o corretor for bom, garante Oliveira, pode vender perto de 30 apartamentos em meses de lançamento e embolsar até R$ 100 mil. ;Mas tem que ser ;o cara;. Muito corretor entra e sai do mercado porque acha que vai ficar rico logo. Se não tiver conhecimento, não suporta a concorrência;, argumenta Oliveira, que se dá ao luxo de não fazer plantão aos fins de semana. ;Como empresário, eu tinha dinheiro todo mês. Agora não é assim, mas ganho melhor;, compara.
Em maio, o Cofeci deve divulgar novo levantamento traçando o perfil dos corretores no Brasil. O presidente do conselho nacional adiantou que, apesar de não ser algo generalizado, a corretagem deixou de ser vista como segunda opção de emprego. ;Não que isso não aconteça ainda, mas a maioria sabe que vai entrar em um mercado que se profissionalizou;, pondera Teodoro.
Em alta
A valorização média dos imóveis usados em 2008 no Distrito Federal foi de 50%, segundo números fornecidos pelo mercado. No ano seguinte, a variação de preços para venda atingiu 25% e, em 2010, após a desaceleração nos últimos seis meses, ficou em torno de 20%, o que deve se manter este ano.
Exigências
Para ser corretor, é preciso fazer curso de técnico ou de nível superior em gestão de negócios imobiliários. Em Brasília, o curso superior é oferecido pela Unieuro. Os técnicos, por seis escolas. A Fundação Getulio Vargas (FGV) oferece MBA na área. Com o certificado do curso em mãos, é preciso fazer a inscrição no Creci.