Jornal Correio Braziliense

Cidades

Assassinato de jovens decapitados em Luziânia continuam sem solução

Polícia Civil investe em nova linha de trabalho para desvendar as mortes de adolescentes encontrados decapitados

Quatro prisões, muitos depoimentos, poucas provas. A Polícia Civil de Luziânia (GO) ainda não desvendou a misteriosa morte dos dois adolescentes assassinados há cerca de uma semana. Dos detidos, dois foram liberados e o quarto foi preso na manhã de ontem. Mas todos estão ligados à morte de Juliete Lima de Oliveira, 17 anos, ocorrida em 31 de março. A polícia procura ainda um quinto suspeito que pode ter participado do crime. Já no caso de Clelton da Silva de Oliveira, 15, aluno da mesma escola em que a menina estudava e foi assassinado um dia antes, os trabalhos de apuração encontram-se praticamente parados.

Apesar da semelhança entre os crimes ; as duas vítimas tinham idade aproximada e foram encontradas com o pescoço cortado, em um intervalo de menos de 24 horas ;, a polícia investiga as mortes separadamente. O caso de Clelton ficou a cargo do Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) de Luziânia, enquanto a investigação da morte da jovem está sob responsabilidade da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam). Isso porque, segundo o delegado adjunto do Ciops, Fabrício Costa, o perfil dos adolescentes era muito distinto. Enquanto Clelton era usuário de drogas, Juliete tinha uma vida regrada. Além disso, a moça sofreu violência sexual, o que não ocorreu com o rapaz.

O depoimento do suspeito preso no domingo, acusado de abusar de duas adolescentes, levou a titular da Deam, Dilamar de Castro, a pedir a prisão preventiva de mais uma pessoa. A polícia ainda procura um quinto homem que também pode estar ligado à adolescente. Pelo menos dois desses três suspeitos trabalharam no carregamento de caminhões no posto de combustíveis em frente ao matagal onde Juliete foi morta. O homem preso no domingo ainda teria sido visto por uma testemunha rondando o local da morte de Juliete no dia do crime. Ele não foi reconhecido por parentes da garota, mas teria apresentado à polícia álibis mentirosos, derrubados por investigadores.

;O homem preso no domingo não chegou a abusar das adolescentes. Ele fez insinuações verbais. Em razão disso, foi preso;, explicou a delegada. ;A mãe das meninas já tinha pedido para ele parar de mexer com as jovens. Além disso, essa mãe teria visto o suspeito nas proximidades do local do crime na quinta-feira passada. Ele trabalha carregando caminhões, está sempre por ali. Os álibis apresentados não procedem e foi o que ele falou que nos levou as duas novas pessoas investigadas. Todos eles trabalham como carregadores no posto. Agora nós vamos refazer exatamente os caminhos que os familiares fizeram até encontrar o corpo da garota, saber se eles conseguiram alguma informação e de quem.;

Depoimentos
Ontem a delegada ouviu a irmã de Juliete, a dona de casa Juliana Lima de Oliveira, 20 anos, e a cunhada da vítima, que estudava com ela na mesma escola e foi a última pessoa a vê-la, a estudante Rute Ribeiro da Silva, 15. Policiais perguntaram às jovens sobre o trajeto da vítima, se no dia do assassinato alguém as provocou e se a adolescente tinha alguma inimizade. Juliana ficou apreensiva: ;Tenho medo de que o assassino seja alguém próximo e que essa pessoa tente machucar meu filho ou minha mãe. Minha irmã não tinha inimizades e sempre procurou andar com pessoas corretas;.

;De mim, quiseram saber se algum parente nosso usa drogas. Muita gente falava comigo e com ela no caminho da escola, mas não dá para lembrar dos rostos;, contou Rute. A expectativa hoje é que a polícia continue ouvindo parentes de Juliete. A família decidiu doar as roupas da jovem para um orfanato. Também hoje, às 19h, parentes e conhecidos da vítima celebrarão a missa de 7; dia da adolescente.

Caso parecido
O caso de Juliete se assemelha ao de Thais Martins de Almeida, 15 anos, que morou no mesmo bairro que a garota e estudava no mesmo colégio. Thais foi assassinada, há pouco mais de quatro anos, no mesmo local. Também sofreu violência sexual e os ferimentos eram semelhantes. Hoje, o crime completa quatro anos e cinco meses sem solução.