Às 7h de ontem, foi dada a largada para a maratona de cirurgias de reconstrução de mama que operaram 61 mulheres em 12 horas, número quase equivalente às 70 feitas ao longo de 2010. É a primeira vez que um mutirão como esse é realizado no Brasil. Para garantir o sucesso nos atendimentos, o reforço veio de 17 médicos de fora do Distrito Federal. A experiência pretende ser piloto de um projeto que prevê iniciativa parecida em âmbito nacional, prevista para março de 2012 ; serão beneficiadas cerca de 2 mil mulheres que estão na fila do Sistema Único de Saúde (SUS). Por isso, os bons resultados de ontem serão encaminhados para análise da presidente Dilma Rousseff.
A escolha do DF aconteceu por causa da fila de 300 mulheres à espera de cirurgia plástica ; algumas pacientes aguardam a oportunidade há 15 anos. A demora levou-as a protestarem em dezembro do ano passado no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) (leia Memória). Além disso, Brasília sedia a Jornada de Cirurgia Plástica Etapa Centro-Oeste. Os profissionais envolvidos no evento tornaram possível a iniciativa. ;Já fizemos oito mutirões de cirurgia plástica pelo Brasil, mas nenhum de reconstrução mamária;, afirmou o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Sebastião Guerra.
Para os procedimentos de ontem, 158 pacientes foram selecionadas. Elas se submeteram a exames e 64 se viram aptas para a cirurgia plástica. ;Escolhemos as que atendiam as condições necessárias, as que não tinham alterações nos exames ou estavam fazendo quimioterapia ou radioterapia;, explicou o coordenador do mutirão, Luciano Chaves. Mas, desse total, três não fizeram a cirurgia. Uma por que a pressão arterial estava alta; outra por causa de uma infecção; e a terceira por motivos familiares.
Dos 14 hospitais participantes, sete são da rede pública de saúde e sete, da rede privada. Ao todo, foram usadas 32 salas de cirurgia. Mais de 120 médicos se envolveram na maratona, sendo 90 cirurgiões plásticos e 32 anestesistas. Também participou uma equipe de 90 enfermeiros. Cada intervenção levou, em média, cinco horas.
SUS
O chefe de cirurgia plástica do Hospital Universitário de Brasília (HUB), Luiz de Gonzaga Guimarães, atendeu o Correio após oito horas ininterruptas de cirurgias. ;Existe a falta de acompanhamento em todos os níveis sociais em relação a câncer e reconstrução mamária. Um mutirão como esse vale a pena para alertar sobre a importância da prevenção;, explicou (leia entrevista completa abaixo).
O diretor executivo do Sindicato Brasiliense de Hospitais Privados, José Carlos Daher, afirmou que uma cirurgia de recomposição de mama custa de R$ 10 mil a R$ 15 mil. A cirurgia de reconstrução da mama é feita pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 1999 por meio da rede pública e conveniada. A lei federal que garante esse direito vale em casos de mutilação decorrente do tratamento de câncer. O secretário de saúde do DF, Rafael Barbosa, afirmou que a iniciativa servirá de exemplo para aumentar a quantidade de cirurgias no DF, que desde 2009 não ultrapassa 70 por ano.